Pesquisar este blog

domingo, abril 10, 2022

CANÇÃO PARA O TIMOR LESTE - EM DOZE MOVIMENTOS - ERIC PONTY

          Por isso vos pedimos que faleis aos vossos amigos na nossa luta e no sofrimento de nosso povo, que utilizeis a vossa palavra, os vossos poemas, a vossa escrita.”

Eduardo Massa/ Timorense udttimor@unitel-1.Unitel.net(U.D.T.)
1
Lá longe me vejo bem arredio daqui,
parecem ser das sombras já gaivotas,
sobrevoando azul desta imensidão,
d´algaravias em asas negras dos corvos.
Ainda bem que remoto lá além vejo.

Se dádiva emanada nau abrolhar
como brumas havidas que retrato,
ou
reluz do cavaleiro que deste escudo
trazendo-lhe consigo a oculta marca.
Ai de mim! Ai de mim! Que ai de mim!!

2
No instante a pradaria encobriu do álgido
Longas cadeias sépia marcou-se aldeias
com súplicas passantes consumidos,
recitam louca Ave Maria. Calando
da ode natureza humana depara
tendo de si a ríspida hoste de alaridos
ficarem solitários. D´ algaravias
com cá algum dia já foram prisioneiros.

Findam hoje outrora; nunca laureados,
Campos repousados dos mortos diários;
Pradarias difusas declives clivos,
com nosso tenro obscuro infausto breu.

3
Túrgida é voz clamar
perfaz gemida tarde
exila atinge do azul
misturou corrente azul
dos que navegam sós.

Túrgida voz submersa
Que cativa dentro torre
perde contra o silêncio.

4
Longe avisto dobrar anos defuntos,
com varandas do céu em trajes surrados,
Fundo emerso contente da lembrança
desse tempo estranho forma finita,
construindo lugar tridimensional.

Longe observo dobrarem sinos nus,
Das filas aglomeram rua esperança,
vejo pessoas, trajes surrados tão frígidos,
desses olhos cristãos da redenção,
seja definitiva emergente ode.

Passo padre à paisana dos conflitos,
recitar Agnus Dei sem orficidade,
olhando própria alma sendo-lhe sôfrega,
das varandas ao céu, em trajes surrados,
emergindo finda alegre lembrança.

5
Eis vem lá do alongado prado daqui,
Trazendo consigo velhas canções,
Não sei lhes falam, de que lhe falam,
mui algaravias narradas da tarde.

Ai de mim que me era deste tão puro!
Ai de mim que me era desse tão alegre!
Ai de mim que só sei deste que não há,
das coisas de mim estas coisas mim...

Eis vêm lá do alongado prado daqui,
Trazendo-lhe consigo dos bastiões,
Dessa tarde abre-se do demorar.

6
É prado há quem vive nada creu à vida.
Pranto colossal, intérmino viageiro.
Insta-nos, nos colige, que nos contrasta
Sê velas desfraldar cinéreos portos.

É prado de quem vive nada creu na vida.
É o pranto colossal, infindo viajador;
pradarias locais clivos passeiam naus,
ouvindo-se ais locais terras ermas.

Velho carcomido soberbo viajante,
rebelde espírito relapso com tudo,
surge e brade e blasfeme exaltação,
partindo das outras terras distantes.

7
Este sol, meu irmão, é da tarde.
Esculpido nossa resistência.
Indomável medusa do mar
cobrindo a mantilha noturna.
O sol é pedra grito horizonte!

8
Estou a minutar do fim do mundo. Tem de sabê-lo. É habitual as árvores estremecerem.
Adquirem folhas caídas troncos rijos por ficar a muito tempo, quiçá anterior, ou antes, do sucedido. Tantas nervuras não se conseguem imaginar. Mas quê? Não tem nada a ver a árvore, e, por isto nós dispersamos contrariados dentro das nossas consciências de festins.

A vida não poderia continuar sem vento? Tudo tem de estremecer um dia? Enquanto existir um timorense nas montanhas ou em qualquer parte do mundo, haverá alma reconheça-se fazendo lugar na sombra dos galhos.

Deste país foi nosso; não é de ninguém, mas me pede, após tantos anos de silêncio. Neste país não se dá boa educação, e dá arrepios. Ignoramos às apropriadas regras, e quando de fato ocorre somos pegos. Nada vemos. O que? Se importar observar.

Nada.

No entanto nos vibramos às folhas das árvores. Tantas nervuras não se conseguem imaginar. Mas quê? Estou a minutar do fim do mundo. Tem que sabê-lo. É comum para árvores comoverem-se.

 9

Pai, à noite veio n´alma é tão vil,
tanta foi à tormenta e do degredo,
que restou hoje murmúrio dum tão hostil,
do mar universal com suas naus.

Ó mar salgado sempre começado,
Após tanto lamento finda lágrimas
cruzarmos quantas almas consentidas,
quantos órfãos bradaram breu da escuma,
das ninfas consumiram brancas tardes
quant´ ai temperou mar universal.

Sê Valeu da dor? Mas há vencedores
abandonarmos prados dos clivos
com lamentos, banidos dos presságios
fosse-nos nosso mar universal.

Surgiu ao sol em mim que fez desta nau
Que desse pendão de que é nossa língua;
Sê cumpriu-se Mar, o Império corroeu.
Pai ainda falta assentar-se o Portugal!

10
Os nobres e os nautas já distintos
dessa Ocidental praia lusitana,
mui além dos que foram de aldeias,
cunharam-se das glosas das memórias
daqueles que se sonharam daqui Império,
Que dessa África e de Ásia devastando.

Somos, um dos das Ilhas vão tornando
forasteiro da terra lugar algum
Que ser tão próprios daqueles criou-nos.

Sê dessa pequena ilha habitamos
É toda esta terra, que certo império
de todos os marouços navegamos
partindo da mesma alma e mesmo exílio.

11
O homem não se fenece vegetal,
desses braços inertes destes galhos,
põem-se a ramificar fatalidade:
Mal se assenta já lhe trafegando.

Por isto lhe tramam caixote pinho,
Vegetal está prestes a abrolhar,
temem se ramifique com à sorte,
desses galhos poderiam o indivíduo.

Os sonhos poderiam-se-ia propagar?
Gestos? Homem está morrer tão só,
Trancafiaram à língua alcunha do geo.,
Exportaram dos sonhos caravelas,
Alheios mundos curtidos coqueiros,
Palmeiras ventilantes mais nau,
Do mundo se fazendo permanente,
Não mundo que está acontecer, do roído...

12
Dedico estes mártires de tão apócrifos
recusaram-se ao próprio do destino,
a dizer-nos na em face de sua nau,
dormidos sem trajes ou do lençol
polpa terra escondida dessa rubra.

Dedico estes mártires de tão apócrifos
Silêncios tais e angústias tão corroídas,
dessas almas em ícones cruzados
Navegaram lhe próprio adentro exílio,
Sê o fizer cruzadores desatinos.

Dedico estes mártires de tão apócrifos
Padecidos aos gritos timorenses
Dizer-nos luso fado deste fardo,
Auroras se esvaem que se dentro negro.

Dedico estes mártires de tão apócrifos
Dos duzentos mil ossos cobrir solo,
estas sombras errantes dessas túrgidas
dos que se perguntarem nau do infante.
Eric Ponty
.

Nenhum comentário: