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sábado, abril 09, 2022

DON FRANCISCO DE QUEVEDO - dois sonetos - Eric Ponty

A estátua de Do Rei Don Felipe III 

Ô quanta majestade! Ô quanto que lhe havia,
Ao tecer-lhe a Felipe invicto e santo,
Sê me presume bronze o que lhe imitou,
Ô quanto estes semblantes à luz lhe presumem!

Os Séculos reverenciam não lhe consomem,
Vulto que igual adoração que nesse espanto,
Mereceu lhe amigo e inimigo entanto,
Que de tua vida finda, dilatou o volume.

Ouso te imitar artífice formou toscano,
Ao que Deus lhe imitou de tal a maneira,
Que és por ser um rei e por ser santo soberano.

O bronze feito por tua imagem é verdadeira,
Se introduziu relíquia que deste jaz canto,
Em majestade augusta sê de eco reverbera.

A mesma estátua 

Mais de bronze serás sê feita tua figura,
Quem te olhas no azul bronze, que senão lhe chora,
Quanto este já ao sentimento sê te que adoras,
Farás brando o metal sê forma figura dura. 

Quis do teu cavalo figurar ferradura,
Pisar líquidas sendas, quis que dessa aurora,
Teu passo perfuma paisagem donde flora,
Ostenta varia e fértil figura formosura.

A dura lida com sê tua mão é lisonjeira,
Deu-lhe Florência artífice que esse engenhoso,
E que reinas nas almas coração nas esferas.

O bronze que ti imita és tão já virtuoso,
Ô quanto desse gládio dessa glória fora,
Sê anos passam lhe imitaras o numeroso!

DON FRANCISCO DE QUEVEDO - Trad. Eric Ponty



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