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terça-feira, março 08, 2022

Trop tard (1ère Version) - Jules Laforgue - Trad. Eric Ponty

Ah, quão vivi naqueles tempos inocentes,
No dia a seguir ao ano 1000, quando pessoa ainda cria!
Onde Fiesole pintou longe ruído de Florença,
Os seus anjos doces rindo sobre um fundo douro,
O claustrais de outrora! Jardins de almas pensivas,
Trilhas cheias de ecos, passos, curto muro alvo,
Onde a lua à noite recortava seus os arcos,
Onde os dias passam monótonos e lentos,
Num convento perdido da piedosa úmbria,
Tendo dito às vaidades um supremo adeus,
Casto e cabeça raspada, teria advindo à vida,
Morte à carne e morte ao mundo, tudo a Deus!
Teria pintado com uma mão trémula formas,
olho puro nunca pensou nada a não ser céu!
Sobre o velino mísseis cheios de saberes,
minha alma teria sido pura quão os seus olhos.
teria ornado a nave de alguma catedral,
capelas de marfim e as suas rosas até ao dia.
Teria dado a minha alma à sua espada final,
Que chore a Deus todos os meus soluços de amor!
Teria aberto muros, de cobertas com faixas,
com vitrais azuis povoados de anjos encantam,
pintam estar no incenso e nos cânticos d´ almas,
de portais luminosos que se abrem para o céu!
Cravejar ouro, rubis e opalas o templo,
onde a Madonna em roupas tão preciosas,
erguer lírio prateado nas mãos finas e pálidas,
alça tão dolorosa os seus olhos azuis!
Teria sentido meu coração vago aliviado,
derreter-se no suave anjo desse crepúsculo,
Teria impelido à noite, cernes da minha cela,
Em direção às estrelas douro, um choro exílio,
consumir as minhas noites anexins austeros,
Por um crânio terrestre a rir no meu caixão,
golpear a minha testa ardente em placas glaciais,
Por baixo dos pregos machado a abater o meu orgulho,
Jejuando e meditando na minha fé tênia,
ter, quebrar a minha alma abalos lugar santo,
E, macerando a carne que a ligando à terra,
Adiantar cada dia a sua libertação em Deus.
Depois, então, uma noite no vasto silêncio,
Da minha cela estreita, de joelhos, mudo, só,
morto pra o meu corpo, que a minha alma se ergueu,
quer ascender, deixando restos no sudário,
Ouvindo os órgãos dessa alegria rebentar,
vendo a parede a afundar-se à que minha volta,
E anjos de ardores dos quais o bando que corre
Subir as escadas do Eterno azul e do anjo
mais doces que as moças da comunhão,
E eu a virar nesse limiar firmamento,
Na sua dobradiças luz, portas flamboyantes,
Terei descolado, ébrio! - eternamente -
 Jules Laforgue - Trad. Eric Ponty

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