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segunda-feira, março 14, 2022

A Fiadora - Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

Lilia..., neque tien

Sentada, a fiadora, no azul da janela,
do jardim que se mexem; suaves bamboletes,
A antiga roda que canta a deixou cansada.

Cansada, após de ter ébrio azul, girar doce,
Cabelo, pra os dedos fracos de tão evasivos,
Ela pensa, e os pequenos arcos de cabeça.

Um arbusto e o ar puro ganham dessa vida,
Que, suspenso durante o dia, delicios ´águas,
O jardim do ocioso com a perda de flores.

Um caule, onde descansa do vento que errante,
Curva a salvação vã da sua graça estrelada,
Dedicando a sua rosa à ancestral que se roda.

Mas o dorminhoco gira um fio que só;
Misteriosos às próprias sombras frágeis tranças,
fio seus dedos longos e dormidos, fiados.

Sonho desenrola-se uma preguiça angélica,
Angélico, e incessante, suave fuso cruel,
O cabelo se ondula com esta carícia...

Por detrás tantas flores, o azul dissimula,
Fiadora da folhagem e cinta ligeira:
Todo céu verde está a morrer. Arde última árvore.
Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

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