ERIC PONTY, NÃO é poesia
Aurea Domenech Bussons
Não produzas metáforas ao cotidiano,
Não existem metáforas aos acontecimentos,
Diante do cotidiano as metáforas são inerentes,
Não metaforizes como coisas ou como bichos,
Sua identidade, família, seus pássaros ultrapassam
Essa comparação se conforta no tempo,
Todos estão confortáveis no verbo
Intransitivo existir.
Suas queixas, dores, suas fezes já foram metáforas,
Não as banalize porque essas foram coisas,
A metáfora lhes é indiferente.
Nem revele tais pensamentos, pois os gregos os fizeram,
esses prevalecem sobre seu esquivo ato metaforizar
Que serão meros fragmentos de metáforas,
Diante daqueles que fizeram por metáfora.
Não faça metáforas sobre sua urbe
Há por demais almas, dores, putas, frades, loucos
Que há estiveram em metaforizar.
Não será sua capaz de ser
única metáfora.
Metáfora não está na natureza,
Nem as formas das coisas
sendo inerentes a metáfora,
Coisas tais chuva, noite, estrelas, vento,
Não cabem numa metáfora.
Não metaforize sua vida, ela, é por demais comum,
As outros entes mais sofridos,
Favelas, Auschwitz, palestinos, nordestinos,
Para que valha tal metáfora.
Não faça metáforas aos políticos,
esses demais concretos para tais usos,
Ovídio já metaforizou isso na Tristia.
Prevaleças primeiro antes das metáforas,
Penetra com afinco no ente antes,
Quanto antes souber disso
Será melhor metáfora, do que essa forma,
Que gastei inútil.
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