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segunda-feira, julho 16, 2018

OS PÁSSAROS DE NOSSA SENHORA DO CARMO - ERIC PONTY

Á VILLA BOAS

Abrindo destas nuvens plenos vapores,
fechado nos flancos – deserto de cores,
Passeiam-se no teto afetiva razão;
São muitas suas aves, forçosos desvãos,
Tangíveis na terra, quais plenas das partes
retesam dos planos da imensa vastidões.
São aves, extensas, intensas de fúria,
Tão Meigas excitam, refazem finórias,
Tão leigas aprendem luz do esplendor:
dolosas empinam, domínio contentes!

Doido langor que toa no pico das crentes,
Pendão de rodízios, marmor do condor!
As sebes sozinhas, sem laços, com trilho,
As aves se alçando, abraçando-as ao frio.
Do intenso respiram de aragens das marcas:
Salsugem das serras das tíbias descendem,
Vultosas memórias inglórias lá fendem,
Ao puro herdeiro doído que se jaz ausente.
Domar pascer sebe desdobra-se dolente,
Doído conjuga a morada envolvente
Á Dolosa penhora, das nuvens gentis:
Os tenros montados domáveis afora
Das margens inglórias, que atestam embora,
À Dolência contorno da pomba feliz.

Destoa? – ninguém dobra: seu timbre tão longe,
À margem enfim tão: – de um pouso adiante
Se pretende por perto – repouso cinzel.

A Estátua da inércia pressente do plano
O Estático grito do surdo anteplano
Nestas curvas honestas do dobre gentil.
Atrasos da terra pariu do escrutínio
Nos chãos das estátuas de brusco domínio
Retesam do pleno, que obteve em lição;
Domínios das sebes do céu de esplendor,
Ciosas pertencem no plano do ardor,
Dos domos terrestres finórias função.
Acercam-se a pedra de casto marmóreo,
Do Dorido da forja passagem arbóreo
Ornada do nada com cenas tão grátis:
O justo, das sagas do crivo da serpente
transita marmor, reflui a sebe pressente,
Dormência dos dobres do bronze matriz.
Enquanto das estátuas com Letes vingança,
Inertes contritas da cândida das danças,
Do chão puro tecem furtivas no altar:
As pombas lhe cortaram, os dorsos que atingem,
Marmóreas das dívicias curvas ramagem,
Divina desta fonte tão límpido ar.


A Medusa das lápides marmo pendores,
Cercado de pedras — cobertos destas dores,
volteiam-se com os fardos altiva ilusão;
São muitos seus charmes, nos ânimos fortes,
Temíveis nesta terra, que em densos dos cortes
Espantam-se  nos corvos a imensa fusão.

São rudes, olhares, cobertos de fúria,
com pródigos mordem, já canta finória,
Já meigos se fundem à voz do pastor:
São todas tão tíbias, certeiras serpentes!
Sua marca lá toa na boca dos crentes,
junção de prodígios, de fúria e terror!


Nestas pedras sozinhas, silentes, sem brio,
Os dentes quebrando, lançando sombrio,
No Incenso aspiraram das liras que traz
Os pastores das terras que os fortes precedem,
Os vultosos tributos tão parvos se rendem,
O fardo de tão certeiro suspeito que jaz.


No centro do jardim se estende canteiro,
adornar se aduna o conspícuo carneiro,
Do limbo da penhora, dos lodos mais vis:
Os corpos já inertes praticam na aurora,
E os jovens tão inquietos, que a pétrea penhora,
Derramam-se nos mudos dum coro infeliz.


Também — ninguém diz: do pavor é ignoto,
Seu pétreo não fala: —  do corpo revolto
Precinte por pedra — da sina tão frágil;
Assim lá na terra do extrato mundano
formavam distinto do vil mais humano
As formas perfeitas mais  nobre de ardil.

Acaso desta terra padeceu parceiro,
Nos vãos dos carneiros: — no extenso pinheiro
Assola-se é certeza, que o teve em missão;
Convida dos ventres os vermes roedores,
Silentes se incumbem do acaso das flores,
A Estátua destes apreços honrosa junção.


Conservam cabelos do brio das serpentes,
Entesa-se a pétrea beleza dos crentes,
Adorna-se o ventre com cenas gentis:
A louca, entre os vagos olhares da beira,
nutrir-se da memória, do pétreo matiz.

 
Dos pássaros alentos Carmos senhores,
peleja das torres — dobrados pendores,
desdobram-se sinos mendigos da missão;
São muitos seus dobres, batidas dão fortes,
Tangíveis na serra, que aterram aportes
declaram-se as pombas à imensa ilusão.
São bronzes destes rústicos pertos de glória,
badalos que dobraram, encanta aforrai,
Já nas mágoas se rendem à luz do castor:
São brônzeos sibilinos, parceiros batentes!
Sua carga já coa falas amargas contentes,
À Função dos murmúrios, finória e negror!
Nos dobres caminhos, solventes, sem trilho,
Badalo anulando, traçando no atilho,
Intenso aspiraram das sortes que traz
louvores das serras que os nortes concebem,
passivo murmuro dobrar desprendem,
Á Batida ao badalo do peito detrás.
Poente da terra se esplende morteiro,
Que contorna que aduna o longínquo agueiro,
Do sino sonora, lados mais que cris;
O látego que adestro batida canora
E as pontas tão ferrenhas, contornam melhora,
Perfazem-se em dobro da seiva joliz.


Aterra que da serra feneceu primeiro,
À Razão das serpentes: — pretenso aceiro
consulta-se excerto, conteve em visão;
aragens das nuvens das torres condores,
Silêncio se incumbe do atraso de ardores,
Das serpes cabeça da honrosa Medusa.


Portanto das mulheres com leda vingança,
Afeitas aos ritos da cândida fiança,
Os homens já querem cativa acabar:
As pomas lhes podam, os ventres lhe atingem,
Candentes estupros nos púbis lhe cingem,
Sobrei-lhe ave de mente senil agitar.

Finada? — ninguém quer o candor marnoto,
Sua frágua condiz: — dum harmônico moto
Ferrugem por perto — dum dobre tão grácil;
Também lá na serra do estrato traz dano
Serranos dos instintos do grito germano
Dos dobres que confeitos do forte mandil,


Se conservam cabelos de pedra subúrbio,
Perseu destas agíeis da leveza conúbios,
Adorna-se os pés com aparos tão gráceis:
do elmo, entre os peitos de serpes prevíreis,
nutrir-se terrestres, que passam lentes,
Que levando à cabeça medusa serpentes.

Nestas fontes das águas de acenos das dores,
São Trazidos das margens – abertos de cores,
Passeiam-se nos tetos de cativa visão;
São das alvas suas aves, titânios das sortes,
De tão cálida terra, que imensas com hortes
Se planando nas plantas a crença expansão.
Revoltas, já inteiras, com mentes de fúria,
Já Sedentas empinam, já voaram história,
Já leigas aprendem à luz deste marmor:
São das aves cadentes, matilhas pendentes!
Suas asas já toam alvas sebes das gentes,
Se serão dos portentos, de injúria e clamor!

As aves que tão sozinhas, sem traços, sem rios,
São das asas quebradas, perdendo-as ao cio.
Deste imenso conspiram das pedras carcás
Silentes das terras que as fontes desprendem,
Terrestres limpados das pedras já pendem,
Aos puros das minguas suspeitos que jaz.
No centro desta tábua pretende abutreiro
De onde hora desdobra o silente morteiro
Do sino já que já hora, das torres anis:
As aves já plantadas praticam na aurora,
E o gesto imprecisos, restando-se agora,
Depenam-se entorno da fonte ardidez.

Silentes – tão enfim pasce a sebe nonato,
Que da treva condiz: – de um voo semoto
Desprende por tão perto – dum voo senil;
Portanto neste pétreo se criva no plano
São formatos instintos da paz de sulano
Os laços perfeitos dobre bronze do ardil.
Acasos desta terra também agoireiro.

Nos chãos terrestres: – paradas aguaceiro
Sustenta deste teto, reteve adesão;
Revidam-se das margens aguados açores,
Ciosas se incumbem do plano destas flores,
Dos cântaros já prestos que dá honora junção.
Acercam-se da chuva na casta nogueira,
Entesa-se nesta horta da embira faceira,
Contornam com às folhas de verdes cantis:
Tão justos, entre as asas do voo candeia
trespassam a madeira, que a selva ideia,
Os charmosos das asas de páreo petiz.
Entrando-se dos alvores com lida da lança,
Se refeitas ao pétreo da cândida trança,
As aves que já cantam cativas dobrar:
A como elas partem, os voos lhe atingem,
Sustentam nas aragens no plano da margem,
Saltitam nestas fontes de límpido par.


ERIC PONTY

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