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domingo, julho 15, 2018

No. 2. Sagesse - PAUL VERLAINE - TRAD. ERIC PONTY


II

Eu havia penado como Sísifo,
E trabalhado como Hércules,
Contra à carne que se rebela.

Eu havia lutado, havia assestado
Golpes a destroçar montanhas,
E combatido como Aquiles.

Esquivo amigo que me guias,
Tu sabes bem, coragem ímpio,
Se empreendermos estas campanhas,

Se temos descuidado com algo
Nesta guerra esgotante,
Se termos trabalhado bem.

Tudo em vão: ao rude gigante
Por todas partes ao meu esforço
Opunha sua atmosfera de astucia,

E sempre um covarde amparado
Em meus propósitos, que lhe espia
Entregava às chaves da cidade.


Fosse minha sorte má ou boa,
sempre uma parte de meu coração
abriria sua porta a da Górgona.


Sempre o suborno inimigo
Sabia envolver em seu labor
Inclusive à vitória e a honra!


Eu era o vencido a quem assediam,
presto a vender cara seu sangue,
Quando, branca na vestimenta de neve,

Tão bela, com à frente humilde e altiva,
Uma Senhora Vinho, sobre a nuvem
E com um signo afugentou à carne.

Em uma tempestade incógnita
de raiva e gritos inumanos,
E desgarrando sua garganta nua,

O Monstro retomou seus caminhos
Pôr os bosques cheios de amores atrozes,
E a Senhora, juntando às mãos:

«Minha pobre combatente que afundas,
disse, em vão este dilema,
Trégua a vitórias desgraçadas!

«Te chega um socorro divino
De que sou segura mensageira
para tua salvação, ao fim possível».

—«ô minha Senhora cuja voz querida
Alenta a um ferido ansioso
de ver terminar a guerra cruel,

«Vós que haveis em um tom tão doce
Quando me anunciais a boa nova,
minha Senhora, quem sóis?».

—«Eu havia nascido antes de todas causas
E também verei o final de todos
Os efeitos, estrelas e rosas.

«Ao mesmo tempo, boa, sobre vós
homens débeis e pobres mulheres,
Choro. e os encontros loucos.

«Choro sobre vossas tristes almas,
Tendo amor por elas, tendo medo,
por elas, e por seus desejos infames.

«Isto não é que seja felicidade.
Cautela, Alguém a quem amo o disse,
cautela, temor ao que te suborna,

«vigiai, temor do Dia Supremo!
Quem sou, me perguntavas.
Meu nome submete até aos anjos,

«sou o coração da virtude,
sou a alma da sabedoria,
Meu nome incendia o Inferno pertinaz,

«sou a doçura que reconstrói,
Amo a todos e não acuso a nada,
Meu nome, é chão, se chama promessa,

«Sou o único hospede oportuno,
Eu digo ao rei a linguagem verdadeira
Da manhã rosa e da tarde escura.

«Sou à ORAÇÂO, e meu fruto
Sendo teu vicio na derrota aos mais distantes.
Meu requisito: «Tu, sejas prudente».

—«Sim, minha Senhora, e sejas me testemunha».
PAUL VERLAINE
TRAD. ERIC PONTY

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