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sexta-feira, julho 20, 2018

O Mal Monge - Charle Baudelaire

Sobre teus altos muros, os claustros tão velhos,
Expunham em teus quadros à desta santa Verdade,
Em cuja impressão, encadeava às piedosas entranhas,
E já tremendo frio em tua vera austeridade.

Naquele tempo, quando crescia vulto do Cristo,
Mais dum ilustre monge, hoje já pouco citado,
Tomando por talher deste campo funerário,
Glorificavam à Morte com naturalidade.

—Minh ´alma é esta tumba que eu, mal cenobita,
 Desde à eternidade habito em que recorro;
 Nada embelece os muros deste claustro odioso.

Ô monge folgadão! Porque arranjarei inventar,
E com que vivo vista de minha triste miséria,
À obra de minhas mãos e amor de meus olhos?



Charles Baudelaire

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