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sexta-feira, julho 20, 2018

O Fanfarro - Charles Baudelaire -

Enquanto a ela, que está cada dia mais gorda; se havendo convertido numa beleza grossa, limpa, lustrosa e astuta, tendo dito uma sorte de ser uma cortesã elegante. Um destes dias comungará próximo à Pascoa e entregará ao pão bendito em sua paróquia. Nessa época estará morto antes de haver concluído sua obra, Samuel este definitivamente «mesquinho embaixo da lousa de sua tumba», como costumava a disser em seus bons tempos, o Fanfarro, com seus ares de cânone, o que transtornará à cabeça de algum jovem herdeiro.

Contudo tanto, estudou a convidar aos meninos ao mundo; acabou de parir felizmente a dois gêmeos. Samuel haverá haver dado à luz quatro livros de ciência: um livro sobre os quatro evangelistas, outro sobre um tal simbolismo das cores, um de memória sobre um novo código de anúncios, e um quarto cujo título nem eu mesmo ousarei recordar. O mais espantoso deste último é que está cheio de eloquência, energia e indiscrições. Samuel teve o desplante de colocar-se duma epígrafe: Auri sacra fames! O Fanfarro quer que sua amante ingresse num Instituto, e está fazendo intriga pôr todo ministério à que lhe deem à cruz de Honra há qualquer custo.

Tão pobre cantor das Osíris! Tão Pobre Manuela de Monteverde! Que está numa tal baixaria que há de ter descaído! Me zelei ultimamente de que teria fundado um jornaleco socialista e que queria dedicar-se à política. Como ela pode ter uma inteligência desonesta! Como já haveria me alertado o honesto monsieur Nisard!




CHARLES BAUDELAIRE

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