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quarta-feira, junho 20, 2018

SONETOS DE CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. ERIC PONTY

A Beleza

Minha bondade é dum sonho de seixo;
Dos peitos que há debulham socorrem não
São dos meus amantes quais os poetas pisados
Eles são do vice-versa me adoram sós.

Esfinge em forma de ira contra este céu,
Cerne frio quão gelo e desta alvura da neve,
Eu odiar todas às coisas seguem e partiram,
E nunca riram nem nunca estes me lamentam.

Em testemunho da pose uma orgulhosa,
Eu me empresto dos grandes estes monumentos,
Meus poetas já trabalham sempre sem repouso;

E, pois, eu possuo tudo que mais me cativa:
Que eles sejam sensatos nestes meus olhos
E do seu mundo mortal feito deste Paraíso!

O Ideal

Nunca serão estas belezas destas vinhetas,
Obra arruinada nata era deste declínio,
Estes pés são chinelos, dedos castanholas,
Quem pode confia agradar cerne igual meu.

Vou à Gavarni, qual poeta feito das cloroses,
Teus gados são bretões fato leito das chamas,
Pois não consigo achar dentre rosas rosadas
Uma flor que se assemelha ao meu rubro ideal.

Sendo forçoso ao meu cerne fundo quão mina,
Tu és, Lady Macbeth, uma alma intensa teu crime,
Sonho esburgado ideado flocos neve brilham;

Ou então, ótima noite, filho dum Miguel Ângelo,
Quem demuda paz pose estranha brutal,
Dos teus seios cultos boca verve dum Titã!

A vida anterior
Muito tempo me calhei sob átrios supremos
Do sol oceânico em flamas envolvia,
Cuja coluna admirável e encalço
O ocaso semelhava covas abissais. 

Do mar, que do alto céu a efígie devolvia,
Liquefazia em contíguos e hieráticos ritos
Os balanços de seus ajustes orquestrais
À ocidente cor nos olhares meus pendia. 

Ali foi que durei entre sexuais palmas,
Em todo azul, carnal das erras, dos fulgores
E dos escravos nus, saturados de odores,
Que a fronte me vibravam com as suas palmas,
E cujo único desígnio era o de entranhar-se
O abstruso do mal me fazia de findar.


CHARLES BAUDELAIRE
TRAD. ERIC PONTY

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