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sexta-feira, junho 15, 2018

Ao Leitor - Charles Baudelaire - Spleen et ideal - TRAD. ERIC PONTY


A tolice, o erro, o pecado, para pão-durismo,
Empatando nossos espíritos e corpos,
Que nos alimentam nossos amáveis remorsos,
Como pedintes nutrir teus parasitas.

Pecados são teimosos arrependimentos,
Nós fazer pagar muita nossa confissão
Nossas voltas contentes lodosos das vias
Crentes vis choros lavar todas nossas nódoas.

Sobre orelha do mal do Satã Trismegisto,
Que ilude longamente alma cativada,
E o rico metal tinir de nossa vontade
É tudo vaporiza por sábio tão químico.

Este diabo que tem filhos que nos agitam!
Aos objetos repugnantes nós encontramos
Cada dia versa inferno nossos decaídos passos
São horrores defeitos em trevas que fedem.

Como dum escárnio pobre sexual comido,
A teta martirizada antiga meretriz,
Nossas fugas passagens prazeres clandestinos
nos incitarmos bem fortes qual velha laranja.

Abraçando formigar como milhão vermes,
Em nosso cérebro bródio um povo demónios,
Quando nós respiramos Morte em nossos pulmões,
descer rio invisível com as surdas queixas.

Se fereza, veneno, punhal, ardor,
Não faz passa borda de agradáveis desenhos,
Nas telas banais dos lastimáveis destinos,
nossa alma, hélas não está passar suficiente ousada.

Mas entre meio dos chacais, panteras, os linces,
Macacos, escorpiões, abutres, as serpentes,
monstros estridentes urrar, rosnar, rastejantes
Em mendicidades infames de nossos vícios.

Ele não está mais feio, mais perverso, mais imundo,
Ainda ele nem empurre grão gestos nem grão gritos,
Ele tenha de boa vontade da terra um caco
E em bocejo tão tíbio engolindo no mundo.

Este é tédio! _ Olhar carrega choro involuntário,
sonha cadafalso fumegante seu assovio
Tu conheces leitor, este mostro delicado
_. Hipócrita leitor – meu semelhante – meu irmão!
Charles Baudelaire
TRAD.ERIC PONTY

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