Pesquisar este blog

segunda-feira, abril 09, 2018

SONETO - MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA - TRAD. ERIC PONTY

Pois vens que não me hão dado algum soneto
Que se ilustre este livro de abertura,
Vim há vós, pluma, meu mal podado,
E fazer-lhe, algo careça de discreto.

Se é haveis se escuse o temerário aperto,
De andar convosco de outra encruzilhada,
Mendigando alambazas, desculpada,
Fatiga e impertinente, eu os prometo.

Todo soneto e rima ali se achega,
E adorna-os de umbrais sejam dos bons,
Ao que adulação sejam ruim casta.

E dai-me há vós que desta viagem tenha
Do sal com um pãozinho pelo menos,
Lhes marcando por vendível, bastou.

MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA
TRAD. ERIC PONTY


Nenhum comentário: