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segunda-feira, abril 16, 2018

ODE Á MADONNA DE SALVADOR DALI - ERIC PONTY



Á Piero della Francesca
I

Assomando-se ao céu da selva olvidar estrelas,
No silêncio, do Pastor ao canto, voz alada,
São entranhas da noite augusta. Cantam amores,
Aberto céu fechado o sol, branco, em chaves de ouro.

Incendeie-a; cantam trevas. Cantam à noite;
Entorpece sonho doce, rendem filhos da vida,
No seu regaço os acolheu todos embaixo,
Somente numa manta sombria qual folha delicada.

À Sombra não lhe tecem entre suas criaturas,
Nem lutam à luz; todos se abraçam regaço
Da boa mãe. Canta noite; seduz o sonho doce
Dos rendidos filhos da vida; cantam à noite,
Com canto verte doce olvido aos silentes peitos;

Canta à noite e com seu canto ergueu visões,
Que alma gozosa emitiu embaixo sol que céu lacra,
Qual silêncio mortal do meio dia emitir raio.

II

Tu conheces bem, mãe, esse antigo canto romance,
Está debaixo do sinônimo dos laureis brancos,
Embaixo Oliva, mirto, às saudáveis tentações,
Esta canção de amor já sempre se recomeça…?

Reconheces o templo de pistilo gigante,
Dos amargos limões verve com laivos de dentes,
Nesta gruta fatal incauta, em que tu adormece,
Deste pagão derrotado duma antiga semente…?

Voltaram, essas vestes que choraste, todavia,
Havendo retornar o tempo da ordem de outros dias,
À terra que se irritou debaixo dum sopro profético!

Não obstante essa sibila com seu rosto Divino!
Algo debaixo arco de Constantino dormiu:
—E nada hei perturbá-la Virgem ao pórtico severo.

III

Na via crua devastadora em torno de mim surgia efigie,
Altiva e clara, ô grão fruto, maçã majestosa,
Uma virgem atravessou, cuja fé fastuosa,
A coroa de tal fronte levantava e remexia.

Frágil e pobre, alçando sua Pietá escultural.
Eu rezava, fascinado em angelical postura,
De seus olhos do céu que alardeavam augura,
Na crença que deslumbra e do deleite tão natural.

Dum brilho… Qual à flama! Tão benta beldade,
Cuja vista me hei feito crer duma vez mais,
Não te admirarei nunca, senão na Eternidade?

Longe daqui! Já Mui tarde! Quem saberá jamais!
Pois tu seguias meu rumo, eu não sabia se iria,
Tu, hei quem eu tivera admirado, ô tu, bem o saibas!

IV

Foi num dia em que este sol empalidecerão,
Teus raios, que seu amor tão compadecido,
De quando, surgiu-me no eu desprevenido,
Vossos olhares, senhora, que me prenderam.

Em tal modo, olhares meus não entenderam,
Defender-se do louvor já se fez redimido,
Me julgava; em meu infortúnio de meu pranteado
Dum princípio que às comuns dores me obtiveram.

Louvar me alardeou de todo desarmado,
Sendo aberto ao teu coração deparou ao passo
Meus olhos, teu canto porta eu me embarquei:

Porém, ao meu parecer fé, não ficou honrado,
Ferindo com tua flecha naquele descanso,
Sendo há vós, amada, demonstrando arco luz.

 ERIC PONTY

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