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terça-feira, abril 10, 2018

NUMA EMBARCAÇÃO NUMA PENEIRA - EDWARD LEAR - TRAD. ERIC PONTY

I

Partiram ao mar numa Peneira,
Que esses mesmos fizeram,
   Dum peneiro partiram ao mar:
Apesar de serem todos amigos que pudessem falar,
Numa manhã de Inverno, num dia de Tempestade,
   Em um peneiro partiram ao mar!
E quando o peneiro retornou e revolveu,
E cada um gritou: 'Serão todos afogados!'
Atraíram em voz alta,
"Nossa Peneira não sendo grande embarcação.

Pouco nos importa mesmo sendo vamos num botão!
Nós não nos importamos com um figo!
   Em um peneiro, iremos ao mar!
      Além sermos tão poucos, bem longe e aos poucos,
         Sendo nossas terras onde vivem os Cabecinhas;
      Suas cabeças verdes, e suas mãos azuis,
         E foram todos ao mar num peneiro.
II

Navegaram longe em uma Peneira,
Que esses mesmos fizeram,
   Em um peneiro navegaram tão veloz,
Sendo apenas um véu formoso verde-ervilha
Amarrada numa fita por uma vela,
   Em dum pequeno mastro de canal de tabaco;
E cada um disse, quem os viu ir,
- Não vão ficar logo aborrecidos, sabe?
Pois sendo céu escuro, e a viagem distante.

E se lhes acontecer algo podem dar extremamente errado
Em uma peneira navegarem de forma tão veloz!
Além ser tão poucos, bem longe e tão poucos,
São destas terras onde vivem os Cabecinhas;
Suas cabeças verdes, e mãos são azuis,
E foram ao mar num peneiro.

III

A água logo adentrou embarcação, fazendo deles,
   A água logo entrou;
Então, mantê-los secos, se enrolaram com os pés
Em um papel rosadinho todo dobrado puro,
   E eles o prenderam com um alfinete.
E passaram à noite num vaso de louça,
E cada um deles disse: "Como nós somos sábios!
Embora o céu esteja escuro, e a viagem seja longa,
No entanto, nunca podemos pensar que erramos
ou estivéssemos erramos,
   Enquanto rodada em nosso Peneira nós giramos! "
      Além de sermos poucos, bem longe e tão poucos,
         São terras onde vivem os Cabecinhas;
      Suas cabeças verdes, e as mãos são azuis,
         E foram ao mar num peneiro.

IV

E por toda à noite esses navegaram;
   E quando o Sol enfim postou,
Assobiaram e cantaram numa canção à luazinha
No som que ecoou dum gongo cúprico,
   Na sombra das montanhas marrons.
Ô Tambor! Como estamos felizes,

Quando vivemos numa peneira numa jarra de louça,
E durante toda à noite, ao luar pálido,
Navegamos afastados duma vela de ervilha,
   À sombra das montanhas, marrons!
Além sermos poucos, bem longe e sendo tão poucos,
Sendo às terras onde vivem os Cabecinhas;
Cabeças são verdes, e às mãos são azuis,
         E foram para o mar num peneiro.

V

Navegaram ao Mar Ocidental, que estes mesmos fizeram,
   Numa terra coberta todas árvores,
Compraram duma coruja, num carrinho tão útil,
E duma libra de arroz, e duma amora azeda,
   E uma colmeia de abelhas prateadas.
Navegaram ao Mar Ocidental, que estes mesmos fizeram,
   Numa terra coberta todas árvores,
Compraram duma coruja, num carrinho tão útil,
E duma libra de arroz, e duma amora azeda,
   E uma colmeia de abelhas prateadas.
Sendo compraram porco, e alguns marinheiros,
Em uma linda arara com garras de pirulito,
E quarenta garrafas de groselha,
E sem fim dum Queijo azedo.
      Bem longe e sendo tão poucos, além de tão poucos,
      Sendo às terras onde vivem os Cabecinhas;
      Cabeças são verdes, e ás mãos são azuis,
         E partiram ao mar num peneiro.

VI

E em vinte anos todos retornaram salvos,
   Em vinte anos ou mais,
E cada um lhes fala: "Quão alto tornaram!"
Sendo foram aos lagos, e à zona tortuosa,
   E as colinas Nascidas da Lua;
Beberam então à saúde, deram-lhes festa
De bolinhos feitos de levedura bela;
E todos falam: "Se nós apenas vivemos,
Nós também partiremos ao mar num peneiro,
 Nessas colinas Nascidas da Lua!
      Além de tão poucos, estão bem longe e são poucos,
         São terras onde vivem os Cabecinhas;
         Cabeças são verdes, e às mãos azuis,
         E foram ao mar num peneiro.
 EDWARD LEAR
TRAD. ERIC PONTY

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