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segunda-feira, abril 02, 2018

EM MEMÒRIA DA EFÌGIE DE LUIZ DE CAMÔES - ERIC PONTY

Á toda alma cativa é nobre alma,
Ante cuja visão chegam palavras,
Á que sobre isto semelhe escrever,
Saudo-lhe em Nome do Amor, este Dono.
Dante Alighieri

I

Ao ser meiga bela qual um lied lenha,
Fênix mares, flores, cristalinas,
Tiveste lhe erguido fugaz efigie.
Haver sombra reger avesso fresco.

Ao mar molhaste gruídos pés estresidos
Em forma recém ereta desta sombra,
És de agora este fogo masculino,
Que só há duma flama sol mar duelam.

Havendo nada raie senão à tarde!
Amor destruir buganvília intacta.
És bonita, exata de ideável lume,

Ao deixares tua fronte impôs tua mágoa
És alcance novo bronze tinir sino,
Ao cruzares tua estátua do véu eterno.

II

Ao querermos procriem estas criaturas,
E que esta flor encanto feneça,
Senão teu canto, despois da fartura,
És memória ser estirpe de herdeira.

Mas tu, seduziu o olhar tão radiante,
Este fulgor avivas volver ardor,
Na escassez converte dons abundantes,
És hostil contigo e cruel teu existir.

E serás tu, ao Mundo agora flama ornou,
Ao ser primavera mensagem vera,
No caule enterra semente e contento.

Se gastou ser avara, ô, torpe mágoa,
Piedade do Mundo, não engoliu à maça,
Ergueste Paradiso à fruta rara.

III

Num sol da tarde um raio cruzou à nuvem,
És sendo mulher charmosa, de entranhas,
Desdenhará o cultivo fisionomia?
Ô quem tão insensatez ti porá fim.

Ao fazer-se Amor és mesma sepultura?
Tu seres mãe dum fiel Espelho,
Revives teu agrado de prima hera;
Assim, à idade, serás mal videira.

Pesares tua aflição, doirada era,
Entretanto, se não quis de ti memória,
Morro solteiro e padeço tua efígie.

Aos olhares teu espelho rosto admirado,
Sendo tempo de que outra mesma repita,
Nem Mundo basta nem mãe ser bendita.

IV


Indagas porque trago raiva no peito,
Sobre colo duma cabeça indômita,
É sou desentende da raça invisível,
Devolvo ao Deus das minhas mágoas céu.

Sim sou daqueles que vingam rebanho,
Havendo marcado à minha fronte óssea,
Embaixo da palidez riscou raio Sol,
De mim tenho às vezes rubor implacável.

Último profeta sem uma trombeta,
Que dos confins dum riacho gritava,
Pesares tua aflição, findar da época.

Seis vezes nas águas duma ilusão,
E cuidando das vestes escarnecidas,
Por seres mãe Sol dum fiel Espelho!


 ÉRIC PONTY

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