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sexta-feira, abril 13, 2018

CANÇÔES DE PAUL CELAN - MICHAEL NYMAN - TRAD. ERIC PONTY


Á CANÇÂO DUMA SENHORA À SOMBRA



Quando silente chega decapitando Tulipas:
Afinal quem recebe por isso?
Afinal quem há se perde?
Afinal quem saiu à janela?
Afinal quem diz o primeiro nome dela?

É uma carreguei no meu cabelo.
Levo nas mãos quão se arrastam mortos.
Leva quão céu soprou meu cabelo no ano que amei.
Carregava consigo sua vaidade,
Esse ganha.
Esse não perde.
Esse não sai à janela.
Esse não pronuncia seu nome.

É uma que está nos meus olhos.
Tendo quem fechou às portas.
Carregava nos dedos quais anéis.
Levando quão fragmentos prazer e Zéfiro:
Sendo meu irmão deste outono.
Contar consigo os dias e as noites.

Esse é ganhador.
Esse não se perdeu.
Esse não chegou à janela.
Esse é quem anuncia o nome dela.

Sendo um que tem dito.
Carrega debaixo do braço qual um hálito.
Leva qual relógio na pior hora.
Leva de umbral em umbral, sem retirar.

Esse não ganha.
Esse perde, contudo.
Esse chegou à janela.
Esse é quem falou o primeiro nome.

Esse será decapitado com Tulipas.


CORONA
Minha mão traga outonal ramagem: Ser amigos.
Serenar tempos em as goelas conduzir-lhe passo:
Era regressará à casca,
Sendo Cristal Dominical,
Faz-se sonhar ao ser dormida,
No lábio falou-lhe o fato.
Meu olhar descende do sexo da amada:
Nós nos admiramos,
Nós dizemos sombrio,
Amarmos um ao outro Amapola e Memória,
Dormimos ao vinho das conchas,
Mar qual raio sanguíneo da Lua.
Somos cercados vitral, admirar à rua:
Sendo hora se ganhar um vintém!
É Tempo pétreo advindo ao florescer.
Inquietude lhe palpita ao coração.
É tempo é o de ser o Tempo.

SALMO
Nada nos chocará outra vez nesta terra e lodo,
Nada seduz nosso pó.
Nada.

Alada sejas, Nada.
Amor por ti ansiamos
Florejar.
Até
Mesmo à ti.

Um nada
Fomos, estamos, seremos
Sempre, florear:
Rosa de Nada,
De Nada Rosa.

Alma clara tem pose,
Ermo tal céu de estame,
Roja a corola.

Por púrpura palavra cantaremos
Sobre essa sobre
Esta espinha.

A TERRA ESTAVA ALI NELES

A TERRA ESTAVA ALI NELES
ESTES CAVARAM, APENAS.

CAVARAM E CAVARAM ASSIM PARTIRAM.
CAVARAM E CAVARAM E PASSARAM.
O DIA. Á NOITE. E NÂO DIFAMARAM DEUS.
QUE ASSIM SE OUVIU POR TODO NOSSO DIA.

CAVARAM E NADA MAIS OUVIRAM.
NEM SE DEMOTRAVAM SÀBIOS NEM IDEAVAM CANÇÔES.
NEM IMAGINARAM NENHUMA LÌNGUA.
CAVARAM APENAS.

VEIO UMA CALMA. CHEGOU TAMBÈM À TEMPESTADE.
DOS MARES TODOS CHEGARAM.
CAVO EU. CAVAS TU, CONTUDO. VAMOS CAVANDO UM POBRE HÀ MAIS.
E O QUE ALI CANTAVA DIZ: CAVEM-SE IGUAL ELES.

Ô UM, Ô NENHUM, Ô NADA, ÈS:
HÀ ONDE FOI ÀQUELE EXISTIA QUE NADA SURGIU?
TU PORÈM CAVAS. EU CAVO CAVANDO TAMBÈM IGUAL QUAL VOCÊ.
EM NOSSO DEDO DESPERTOU ESTE ANEL.
PAUL CELAN
TRAD. ERIC PONTY

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