Pesquisar este blog

terça-feira, abril 17, 2018

A TRISTIA - OVÌDIO - TRAD. ERIC PONTY


Ô Pequeno livrinho meu
(E não te desprecio de telo escrito),
Sem mim irás à cidade de Roma,
Ai de mim!  Coitado de mim!

Onde ao teu dono não sejas permitido abraçar.
Sigas, porém sem os adornos,
Qual convém há um desterrado:
Percorreste, infeliz, o imaginando
Adequado este infeliz de circunstância.

Que não te envolvam as adelfas com sua cor corada,
Já que essa cor não se convém
Muito bem em ocasiões de tristeza;
Nem ti escrevas teu título com mínio,
Nem te embelezem tuas folhas de papiro
Com o azeite de cedro.

Nem leves brancos discos em uma negra fronte.
Fiquem esses adornos aos livrinhos felizes;
Da sua parte, não deves esquecer minha triste condição.

Que nem se quer espalmem teus cantos
Com frágil pedra polmes,
Ao fim que apareças arrogante,
Com às madeixas desregradas
Não te envergonhes dos borrões:
O que os vejam pensarão que hão sido
Feitos com minhas próprias lamúrias.

Lembra-te, livrinho, e comemore com
Palavras minhas todos lugares prezados:
Os tocarei, ao menos, com o pé
Com que este está admitido
Fazê-lo.

Se alguém, como advém dentre povo,
Não se há olvidado ali de mim,
Si tiver alguém que, por casualidade,
Ti perguntares como estou, lhe dirás
Que estou vivo, porém não demasiado bem,
E há por isso, feito de viver,
O devo ao favor dum Deus.
OVÍDIO
TRAD. ERIC PONTY

Nenhum comentário: