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quinta-feira, março 01, 2018

O Paraíso Perdido - Rafael Alberti - TRAD. ERIC PONTY

Por Meio destes séculos,
Pelo Nada do Mundo,
Sem sonho, hei buscar.

Atrás mim, imperceptível,
E sem rosar-me ombros,
Meu anjo morto, vigiar.

Onde ti encontrar Paraíso,
Á Sombra, teu há estado?
Perguntas com ao silêncio.

Cidades sem resposta,
Rios sem fala, cumpres
Sem ecos, mares mudos.

Nada sabeis. Homens
Filhos, pé, na orelha
Parados nas tumbas,

Me ignoram. Aves tristes,
Dos cantos petrificados
Em êxtases do teu rumo,

Os cegos. Não sabem nada.
Sem sol, ventos antigos,
Estão inertes, nas léguas.

É por andar, levantando
Calcinados, caindo-se
Espadas, pouco disseram.

Diluídos, sem forma
Verdade se ocultaram,
Ouvem-se mim dos céus.

Já está fim da Terra,
Sobre o último fio,
Resvalar teus Olhos,

Morta minha esperança,
Este é dum pórtico Verde
Buscar nas negras samis.

Ô boquete das Sombras!
O Ervedeiro do Mundo!
Que confusão Secular!

Atrás, atrás! Que espanto
E das trevas sem vós!
É Perdida minha alma!

— Anjo morto, despertais.
Onde estás? Iluminais
Com teu raio retorno.

Silêncio. Mais silêncio.
Estão imóveis pulsos
Deste sem-fim à noite.

O Paraíso perdido!
Perdido hei buscar-te,
Eu, sem luz sempre.
Rafael Alberti
TRAD. ERIC PONTY

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