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quinta-feira, fevereiro 08, 2018

Juan Gelman - 2 POEMAS - TRAD. ERIC PONTY

MADRUGADA

Jogos do céu molham a madrugada da cidade violenta.
Ela respira conosco.
Somos os que incendiamos o amor para que esse dure,
Para que sobreviva a toda solidão.
Temos queimado o medo, temos olhado de frente a frente a dor
Antes de merecer esta esperança.
Temos aberto as janelas para dar-lhe mil rostos.

AS FÁBRICAS DO AMOR

I
E construí teu rosto.
Com adivinhações do amor, construí em teu rosto
Nos longínquos pátios da infância.
Alvanéu com vingança,
Eu me ocultei do mundo para falar tua imagem,
Para dar-lhe a voz,
Para pôr doçura em tua saliva.
Quantas vezes temi
Apenas se acobertar pela luz do verão
Enquanto te descrevia por meu sangue.
Pura minha,
Está feita de quantas estações
E tua graça descende como quantos crepúsculos.
Quantas de minhas jornadas inventarão tuas mãos.
Que infinito de beijos contra a solidão
Fundi teus passos no pó.
Eu te oficializei, te recitei pelos os caminhos,
Escrevi todos teus nomes ao fundo de minha sombra,
Lhe falei dum lugar em meu leito,
Te amei, estrela invisível, noite a noite.
Assim fui que os que cantaram os silêncios.
Anos e anos trabalhei para fazer-te
Antes de ouvir um só som de tua alma.
TRAD.ERIC PONTY

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