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quinta-feira, fevereiro 08, 2018

François de Malherbe - SONETOS - TRAD. ERIC PONTY

CXXIII - POUR MONSEIGNEUR LE CARDINAL DE RICHELIEU 

As pessoas, que são incensos; pessoas, que das vítimas,
Deste grande Cardeal, grande Chefe de Obra ambos,
Quem tem apenas glória, não sejas ambição,
Fazer morrer na insolência destes teus crimes.

Com que lhes é servidor desvelo magnitude,
Ou são espíritos lavram, fazem velar olhos,
Que enganam ao conluio de nosso sedicioso,
Que se sujeitam tua fúria legítimas mãos?

O mérito de um homem, ou sábio, ou guerreiro,
Encontrar  recompensa nos chapéus dos louros,
Cuja vaidade grego atribuiu teus exemplos.

O eu, atrevo a dizer, é tão alta de tão alta,
É como nosso Deus sem lugares nos templos,
Tudo podes fazer a ele é menor não deves.

cv - A MONSIEUR DE LA MORELLE, SUR LA PASTORALE DE L'AMOUR CONTRAIRE

Se um podes adquirir a plumas desta glória,
De uns mais belos espíritos que é do universo,
Quero abandonar-vos, julgo filhas-memória,
Na graça que se diz teus  amorosos versos:

E parece que neles há vistosa história,
Da travessia de  amor acasos mais diversos,
Dum discurso perfeito à todos fazem crer,
Que é prosa é nada na perda dos belos versos.

Quando eles guardam verem o assunto encantado,
Doutamente retrata, de tão dignamente,
Sem dúvida eles vão dizer-vos, qual eu penso.

Que por favorecer homens e dos seus deuses,
E purgar ignorantes tudo que viste ambos,
Ele faças na união por meio tua eloquência.

AO MONSEIGNEUR PAI DO REI

Musas, quando findar esta longa remessa,
Para satisfazer Gaston, a notar sobre ele?
O desvelo do qual se tem glória dos outros,
Que podeis ser melhor servidor bela dama?

E neste desgraçado século um se engane,
Qualquer um lhe ofereça algo para seu tédio,
Miserável novena, onde irá ser o apoio,
Se ele não apertar mão, há quem nem favoreceu.

Creio bem o medo ousar mais que não se deve,
E, das dificuldades de obreiro arrogante,
Remover vos desejo que a força lhe deste.

Mas tanto belo objeto a cada dia acrescido,
Já que idade tão jovem que coleção espanta,
Como irás fornecer quando tiver vinte anos?

LXXIX - POUR LE MARQUIS DE LA VIEUVILLE

É verdade, Vieuville, e quem quer que lhes negue,
Condene impunimente o bom gosto meu rei;
Nosso dever altares com sincera fé,
Cuja vossa destreza disputa a mania.

Desvelo laborioso teu tão livre gênio,
Que fora da razão não sagaz ponto a lei,
Pondo fim as desgraças que atraiu após si,
Duma profusão nossa terrível mania.

Todos com que as virtudes restam desejar,
Estes que graça espírito deseja honrar,
E quem eternidade tua musa lhes imprima.

Eu bem que no desígnio que minha alma forma,
Mas eu sou generoso, e tenho desta máxima,
Que ele não deve ser prezado não se é amado.

LXXVIII - Ao Rei - Soneto -

E que de valor nulo dum outro segundo,
E que só tão fatal como de nossas curas,
Dê coragem parede verde da sessão,
Nossa ilhota consiga à paz terra sobre onda.

Que hidra da França fez-se em revoltas fecundas,
Nós sermos todos da morte não há mais da poção,
Certa felicidade que justa razão,
Promete da tua fronte da coroa do mundo.

Mas que em tão belos fatos me quer testemunho,
Reconheça meu Rei que este é auge desvelo,
Que de tua obrigação, tenhas chaves destinos.

Todos sabeis louvar, mas não tão igualmente,
Obras comuns que vivem perto de alguns anos;
Isto que de Malherbe escreveu sejas eterno.

XXX - Soneto -

Beleza, da qual graça surpresa natura,
Equivocasse, pois cedi a injuria da sorte,
Eu ao abandonar-vos, tão longe de seu porto,
Em partir com vontades dos ventos jornada.

Eu neste tédio grande ao qual me faz sofrer,
É a única razão que me impediu da morte,
E dúvidas que eu tinha fazem último ânimo,
Não sendo mal-empregado um imo duro. 

Calista, estás a pensar? O que a fez acanhada?
Irá resolver para não ater o desprezo,
Quem da minha paciência indigna se demonstra.

Mas, ô de meu erro estranho qual se faz inova;
Eu lhes desejo doce, e, no entanto, confesso,
De quem eu devas minha saúde à crueldade.

XXVIII - soneto -

Nada és tão belo como Calista é luxuosa,
É uma obra à natureza onde fez todo esforço,
E a nossa idade é ingrata olhar tantos tesouros,
Senão se eleves glória meu ferrete eterno.

A limpidez tua tez não é coisa mortal;
Que do bálsamo é tua boca, e a rosa irreal;
Tua palavra e tua voz ressuscitam  os mortos,
E, a arte não se semelha doçura natura.

Brancura em tua garganta deslumbra os olhares,
Que são o amor em teus olhos, embebeu tuas setas,
Sendo feito ao perceber , um visível milagre.

Nesta cifra infinita de graças e encantos,
O que quer dizer, minha razão? Crida ao crível,
Havido julgamento e adorá-la passar-vos?

Ao Rei Henri, O Grande

O meu Rei, se é um, bem para as futuras coisas,
Que na Escola de Apolo aprendeu-se à verdade,
Que ordem maravilhosa grandes aventuras,
Tua ida se satisfaças no louro porvir.

Aos que jovens leões vão juntar a sua presa!
Que quer margem de Tage de agouro batalhas,
E que desejou Oriente mantido em teu império,
Por querer reconstruir as muralhas de Tróia.

Irão ser desgraçados em somente um ponto;
É que se à tua coragem com fortuna unida,
Fáceis desconfiar de um e de um outro hemisfério.

À tua glória é tão grande na boca de todos,
Que sempre irá ser dito não poderás ao menos,
Que eles já se declarem à honra ser vencidos.

A MADAME LA PRINCESSE DOUAIRIÈRE 
CHARLOTTE DE LA TRIMOUILLE


O que, grande Princesa de adorada terra,
E que mesmo que céu é cingido a lhe admirar,
Vós resolveste a ver-nos nosso conviver,
Em uma obscuridade eternal duração.

A Flama de vosso olho onde coração chispa,
É da rara virtude não dás nada optar,
Assim, não nos cansei de nosso desespero,
A driblar vontade dela que és desejada?

Vosso ser lugar, onde há sempre verdes campos.
Por que nunca tiveram, mas invernos cálidos,
Pareçam que aparência possui quaisquer méritos.

Mas, assim, fez da causa: De que nossas lágrimas.
São sendo fazer caso tão pequena coisa.
Há quem cada instante dá causa de mil flores?

XCII - Sobre a morte de seus filhos

Que meus filhos perderam teus restos mortais,
Um filho foi bravura que eu amei mais forte,
Eu nem imputei ponto da injúria da sorte,
Pois que ao findar um homem é coisa natural.

E mais que dois velhacos, surpresa infiel,
Ter terminado dias duma trágica morte,
Nessa minha dor não tem um lugar conforto,
Todos meus sentimentos estão acordo ela.

Ô meu Deus, Salvador, pois que para razão,
A desordem do meu coração faz sem cura,
O véu dessa vingança este véu é legítimo.

Fizesse que do tom prova eu seja avigorado,
Tua justiça conviva, e, aos autores do crime,
São filhos do carrasco tem crucificado.
TRAD. ERIC PONTY
POETA,TRADUTOR,LIBRETISTA ERIC PONTY

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