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sexta-feira, janeiro 26, 2018

Soneto - Francisco de Quevedo - Trad. Eric Ponty


 Representa-se a concisão do que se vive e qual nada semelha o que se viveu.


Ah dessa vida!… Nada que me responde?
Aqui dos ancestrais de que hei vivido!
A Fortuna meus tempos há morrido,
Horas minha loucura as se esconde.

Que sem poder saber como nem onde!
A saúde e a idade se esvaem na fuga!
E faltando a vida, assiste esse vivido,
E não há calamidade que não me ronde.

Haver se foi; manhã não hei chegado;
Hoje se está vendo sem parar um ponto:
Sou um foi e um será e um será cansado.

Nele hoje e amanhã e haverá, junto
Fraldas e mortalha, e hei me tornado
Presentes sucessões desse defunto.

Trad. Eric Ponty

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