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sábado, janeiro 27, 2018

ANTI AUSÊNCIA - Sor Juana Ines De la Cruz - Trad.Eric Ponty

Divino dono meu,
se no tempo de partir-me
tem-me meu amante peito
alentos de queijar-se,
ouça minhas penas, olha meus maus.

Atentasse essa dor,
se pode lamentar-se,
E a vista de perder-te
meu coração exale
canto a terra, queixas ao ar.

Apenas teus favores
quiseram coroar-me,
desdenhoso mais que todos,
felizes como nada,
quando os gostos foram os pesares.

Sem dúvida o ser feliz
é da culpa mais grave,
pois minha fortuna adversa
disponha que me pague
com que aos meus olhos em tuas luzes faltem.

Aí, dura lei de ausência!
Quem poderá derrotar-te,
si onde eu não quero
me levas, sem levar-me,
com alma morta, vivo cadáver?

Será de teus favores
só o coração encarcerado
por ser mais um silencio
se quero que os guarde,
custodio indigno, sigilo frágil?

E aposto que me ausento,
por último vale
te prometo rendido
meu amor e fé constante,
sempre querer-te, nunca te esquecer.

TRAD.ERIC PONTY

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