Á Carine
Tu
que, qual punhal duma faca,
Entrou
no meu coração tostado;
Tu
que, tão forte quão um rebanho
De
bestas, veio, ardente e adornada,
A
fazer tua cama e teu domínio
Da
minha mente tão humilhada
-
Galga irrefragável a quem me uno
Como
o maldito à tua cadeia,
Como
o jogador pertinaz do jogo,
Como
o bêbado ao teu vinho,
Como
as larvas ao teu cadáver,
-Acusa,
acusando de ser você!
Eu
implorei o teu punir célere
A
ganhar a mim meu alvedrio,
Perguntei
um veneno pérfido
A
dar ajuda à minha covardia.
Ai!
Tanto veneno qual uma faca
Me
disseste com desprezo:
“Tu
não mereces ser alforriado
Da
tua maldita escravidão,
Louco!
- Se de teu predomínio
Nossos
esforços podem te entregar,
Teus
beijos ressuscitassem
O
cadáver do teu vampiro! "
Tradução
Eric Ponty
LE
VAMPIRE
Toi
qui, comme un coup de couteau,
Dans
mon coeur plaintif es entrée;
Toi
qui, forte comme un troupeau
De
démons, vins, folle et parée,
De
mon esprit humilié
Faire
ton lit et ton domaine;
—Infâme
à qui je suis lié
Comme
le forçat à la chaîne,
Comme
au jeu le joueur têtu,
Comme
à la bouteille l'ivrogne,
Comme
aux vermines la charogne
—Maudite,
maudite sois-tu!
J'ai
prié le glaive rapide
De
conquérir ma liberté,
Et
j'ai dit au poison perfide
De
secourir ma lâcheté.
Hélas!
le poison et le glaive
M'ont
pris en dédain et m'ont dit:
«Tu
n'es pas digne qu'on t'enlève
À
ton esclavage maudit,
Imbécile!—de
son empire
Si
nos efforts te délivraient,
Tes
baisers ressusciteraient
Le
cadavre de ton vampire!»
Charles
Baudelaire
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