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quarta-feira, setembro 27, 2017

FRANCESCO PETRARCA - DEZ SONETOS - TRAD. ERIC PONTY



III
Foi naquele dia em que o raio do sol
Escureceu com pena do Criador,
Fui capturado e não me defendi,
Porque lindos olhos me ataram, dona.

Não me semelhou instante me abrigar
Contragolpes do amor: então eu jazi
Confiante, leviano; meus problemas
Começaram, dentre dor tornam públicas.

O amor me descobriu tudo sem armas,
Abriu caminho ao cerne por meio olhos,
Sendo feitas passagens e portas lágrimas:

De modo me parece faz pouca honra
A me ferir com flecha, naquele estado,
Não demostrou seu arco que está armado.

IV

Que providência e arte são infinitas
Ele mostrou em seu domínio magnífico,
Que criou isso e dum outro hemisfério,
E Júpiter muito mais gentil do que Marte,

Descendo à terra a fulgurar a lauda
Durante mui anos ocultou a verdade,
Tirando João das redes e São Pedro,
Tornando-os parte reino do paraíso.

Não lhe agradou a nascer em Roma,
Mas na Judéia: exaltar humildade
Tal estado supremo sempre o agrada;

Cá duma pequena aldeia é dado sol,
Modo lugar e a natura se elogiam,
Onde uma dona tão amável nasceu mundo.

ERIC PONTY





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