O poeta na masmorra, desalinhado, doente,
Jorrando um manuscrito sob teu pé convulsivo,
Mede com um olhar inflamado pelo terror
Na escada vertiginosa onde tua alma se abala.
As risadas inebriantes que enchem a prisão
Para o estranho e o absurdo convidam de teu rim;
A Dúvida o cerca, e deste Medo ridículo,
Horrível e multiforme, cinge ao teu redor.
Esse gênio confinado em um cortiço insalubre,
Essas caretas, gritos, essas águas com gás cujo enxame
Rodopia, estremecido atrás desta tua orelha,
Esse sonhador que o horror de tua morada desperta,
Eis aí o teu emblema, desta alma de sonhos obscuros,
Que a Realidade sufoca entre tuas quatro paredes!
CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
Nenhum comentário:
Postar um comentário