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quarta-feira, novembro 26, 2025

SONETOS - Marcel Schwob - TRAD. ERIC PONTY

 Soneto para ele

Quando ris, gosto de ver seus olhos brilharem,
Seus lábios se curvarem em sorrisos graciosos,
O rubro da sua pele, para me provocar ainda mais,
Sorrindo e refletindo covinhas provocantes.

E assim como esses deuses assobiando em suas gaitas,
Que nossos antigos joalheiros gostavam de gravar
Nas paredes de prata das enormes caixas
E com um cinzel de aço finamente cinzelado,

Sorris, abrindo ligeiramente os cantos dos lábios,
Para me mostrar os dentes com expressões melosas,
E franze a pele sob reflexos dourados tão intensos.


Quanto eu daria, ó meu pequeno deus Fauno,
Cujo riso cintila na mornidão do Beaune,
Para rir contigo sozinho, na noite, quando tudo dorme!


SONETO

Tão decaído do paraíso que se enchia de rosas,
O homem se virou pela última vez:
Na barreira branca onde sua voz tremia
Seu dedo, espada de fogo, guarda Seus lábios rosados.

Ele caiu mais baixo que o Inferno, nas neuroses
Onde o coração está pregado ofegante na cruz;
Sua testa, que iluminava a coroa dos reis
Empalidece sob o céu negro das tristezas sombrias.

Pensativo, ele ainda vê um sorriso adorado
Expirar lentamente em Sua boca vermelha,
Fruto proibido que sangra, entreaberto, na treliça.

Do Paraíso, onde flutua um grande halo dourado,
E chora amargamente sua juventude abatida
Aos pés marmóreos da fria estátua.

 Marcel Schwob - TRAD. ERIC PONTY

  

 ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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