Pesquisar este blog

quarta-feira, novembro 12, 2025

OS PEQUENOS JUSTOS - PAUL ÉLUARD - TRAD. ERIC PONTY

 
VI 

O senhor da fuga cheira até as penas 
Desse pássaro queimado pelo fogo da espingarda. 
Sua lamentação vibra ao longo de uma parede de lágrimas 
E as tesouras dos olhos cortam a melodia 
Que já brotava no coração do caçador. 

VI 

A natureza ficou presa nas redes da sua vida. 
A árvore, sua sombra, mostra sua carne nua: o céu. 
Da voz da areia e dos gestos do vento 
E tudo o que diz se move atrás de você.

VII 

Ela sempre se recusa a compreender, a ouvir, 
Ela ri para esconder o seu próprio terror. 
Ela sempre caminhou sob os arcos das noites 
E por onde quer que tenha passado 
Ela deixou 
A marca das coisas quebradas.

IX

No céu decadente, nessas janelas de água doce, 
Que rosto virá, concha sonora, 
Anunciar que a noite do amor está terminando, 
Boca aberta ligada à boca fechada.

XI

Desconhecida, ela era minha forma preferida, 
Aquela que me livrava da apreensão de ser homem, 
E eu a vejo e a perco e sofro 
Minha dor, como um pouco de sol na água fria?

PAUL ÉLUARD - TRAD. ERIC PONTY

  

  ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

Nenhum comentário: