VI
O senhor da fuga cheira até as penas
Desse pássaro queimado pelo fogo da espingarda.
Sua lamentação vibra ao longo de uma parede de lágrimas
E as tesouras dos olhos cortam a melodia
Que já brotava no coração do caçador.
VI
A natureza ficou presa nas redes da sua vida.
A árvore, sua sombra, mostra sua carne nua: o céu.
Da voz da areia e dos gestos do vento
E tudo o que diz se move atrás de você.
VII
Ela sempre se recusa a compreender, a ouvir,
Ela ri para esconder o seu próprio terror.
Ela sempre caminhou sob os arcos das noites
E por onde quer que tenha passado
Ela deixou
A marca das coisas quebradas.
IX
No céu decadente, nessas janelas de água doce,
Que rosto virá, concha sonora,
Anunciar que a noite do amor está terminando,
Boca aberta ligada à boca fechada.
XI
Desconhecida, ela era minha forma preferida,
Aquela que me livrava da apreensão de ser homem,
E eu a vejo e a perco e sofro
Minha dor, como um pouco de sol na água fria?
PAUL ÉLUARD - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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