Treme, cai suave. Um sopro te ama, salgueiro,
que faz tremer em ti o sonho de um ombro.
Brisa? Ou meu único suspiro tão simples e tão repentino
que exalo de amor por este jardim flutuante.
Sobre suas flores, meu olhar engana a dor de esperar
O passo, a voz, a mão e, então, todo o ser terno,
Essa te toda minha que sinto se tornar,
A quem a hora que morre pode de repente me unir
E que vem!.... Eu sinto.
Minha boca finalmente te acolhe!
A aproximação causa um tremor na alma
E meus olhos, embora cheios de folhagem e luz do dia,
Te veem atrás de mim, toda corada de amor.
Treme, cai afetuoso! Um sopro te ama, salgueiro...
Mas não preciso mais pensar com um ombro,
E esse sopro não é mais o sopro de um único coração.
O tempo vencido sucumbe, e o beijo vencedor
Da ausência sem nome cujo nome me liberta,
Bebe na sombra, em longos goles, o fogo que nos faz viver!
PAUL VALÉRY - TRAD. ERIC PONTY
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