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quinta-feira, novembro 06, 2025

DOIS POEMAS - ALBERT GIRAUD - TRAD. ERIC PONTY

APARIÇÃO 

É infante das crianças, a alma e o amor dos Deuses,
Nascida do primeiro beijo do mar e das rosas,
Que guarda num sorriso estranho e sério,
O infinito da carne entre teus lábios rosados;

O infante cujos olhos verdes, cheios dum vasto pesar,
Os olhos cor de musgo e floresta molhada
Abrigam obscuramente como um tesouro secreto
 As dores distantes de uma estrela exilada.

Ele aparece um dia para aqueles que o sonharam,
Depois voa para longe. O sonho deles, infeliz, imperfeito,
Alimenta-se para sempre de uma efígie infrutífera.

Eu vi. Agora, ó meus olhos, tudo é vão
E eu expiro, como aquele pajem romano
Que morreu por ter olhado para a Mona Lisa.

 
ZEUS 
Sob a coroa de um bando de águias imóveis,
Com grandes olhos fechados para um sonho eterno,
Zeus contém em teu seio todos os deuses inúteis 
E sozinho preenche o abismo deslumbrante do céu.

Desde sempre ele dorme em teu sono solitário, 
do qual nada no futuro o despertará: 
ele rola em tua noite os sóis e a terra,
sonhando com tudo o que foi e tudo o que será.

Nossa altivez enlouquecida durante uma breve hora
Crê agir e se consume em gestos decepcionantes: 
A ação tão alardeada, ó vertigem! É um devaneio
Que inspirado por teu sonho em sonhos vivos.

O desejo de criar que corrói nossa alma pura,
Sendo a mesma é apenas um vaivém de teu sonho sem fim,
Que criou está obra de beleza que sonhamos,
O sonho indiferente desse sonhador divino!


ALBERT GIRAUD - TRAD. ERIC PONTY
 
 

ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA 

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