I
Quem pode elogiá-la?
Olhos onde a meia-noite envergonha o sol,
Com cabelos da noite e do sol fiados,
De tecido do tear da aurora ou do crepúsculo,
Sendo penumbra radiante, penumbra lustrosa,
O florescimento divino da puerícia,
Ninguém pode louvar perfeitamente, nem cantar
Metade da graça com que, como a primavera
O amor a exibe.
II
O amor não contado
Canta em silêncio, fala em luz
Derramada de cada belo traço, brilhante
Ainda do céu, de onde veio para nós, agora
Nove anos atrás, ela se dignou a se curvar
No brilho de tua fronte,
Dignou-se a passar pelo surgimento mortal:
A reverência a chama, aqui na terra,
Nove anos de idade.
III
O profundo dever do amor,
Mesmo quando o amor transfigurado cresce
A adoração, com toda certeza, sabe
Como, embora o amor possa expulsar o medo,
Mas a dívida divina e prezada
Devida à divindade da infância aqui
Pode ser paga pelo amor do homem
Nunca; nunca a canção será feita
Vale a tua beleza.
IV
Nada é tudo
Cantado, dito, sonhado ou pensado
Sempre, ao lado disso; nada
Todo o amor que o homem pode dar -
Amor cuja oração deveria ser: "Perdoe!"
O céu, nós vemos, na terra pode viver;
A Terra não pode gratidão ao céu, nós sabemos,
A não ser com canções que vão e vêm,
Que sobem e descem.
V
Nenhum homem vivo,
Nenhum homem morto, exceto um
Que já se foi para casa depois do sol,
Já achou a graça de poder
Afinar sua língua para louvar perfeitamente
Crianças, flores de amor e luz,
Que nosso louvor desdenha: nós
Cantamos, de fato, mas não como ele
Cantava ações de graças.
VI
A esperança que sorria,
Vendo sua beleza recém-nascida, feita
Da própria luz e sombra do céu,
Não sorriu com tanta doçura: o amor,
Vendo o sol, lá no alto,
Aquecer o ninho que cria a pomba,
Vê, mais brilhante que a lua ou o sol,
Todo o firmamento dos céus em um
Filhinho.
VII
Quem pode cantá-la?
As asas dos anjos quando se agitam
Não fazem música digna dela:
Mais doces soam tímidas e suaves palavras
Aqui do que as canções das próprias aves de Deus
Que o fogo do êxtase cinge
Com a luz da face do amor acesa;
As mãos dos anjos não acham
Presentes para lhe trazer.
VIII
Bebês ao nascer
Usam vestimentas em torno de si,
Mantêm testemunhas de teu passado,
Os sinais deixados pelo céu; e cada um,
Antes que teus lábios aprendam a fala mortal,
Antes que o doce firmamento passe e abarcar,
Carrega em teus olhos não penetrados
Prova de céus não olvidados
Aqui na terra.
IX
Apagadas como brasas
Apagadas com flocos de chuva ou neve
Até que a última chama fraca se apague,
Todos aqueles alvitres brilhantes jazem
Mortas com a infância que se foi:
No entanto, nela elas não ousam morrer:
Outros, belos qual o firmamento, ainda são,
Agora que não compartilham o céu, olvidam:
Ela se lembra.
Algernon Charles Swinburne - Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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