A Émile Van Arenbergh
Sou velho tambor. Uma vez, em minha pele,
Quando o céu da alva era igual um buquê de rosas,
De Cythera voou o bando de amores,
E minha alma soou sob baquetas cor-de-rosa.
Eu sou um velho tambor. Há muito tempo, após o ataque,
Quando os capangas mataram as mulheres nas sarjetas,
O prazer do sangue me fez ter um empuxo,
E minha alma gritou sob as baquetas rubras.
Eu sou velho tambor. Agora meu madeiro defunto
Lamenta sob o infortúnio, a vergonha, o remorso...
Não há mais auroras rosadas e glórias ardentes.
Hoje, coberto por um longo crepe de luto,
Soluço surdamente diante de um caixão,
E minha alma falece sob negros gravetos.
ALBERT GIRAUD. – Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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