Pesquisar este blog

sexta-feira, julho 18, 2025

Corona & Coronilla - Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

 

SONNET À NARCISSA


Oh, de tuas mãos, frescas como flores,
Minha fronte não pensa mais em nenhuma outra coroa;
Essa lucidez que o Amor envolve é ofuscar-se 
por uma terna sombra na fonte das lágrimas.

Respirando o calor profundo de teu peito,
Tanta alegria abunda no coração que se entrega,
Que ao preço do doce destino que teu olhar me ordena
A glória não passa duma intrigante desgraça pra mim.

Deixo minhas vontades eruditas ofuscar-se;
Meu exato tesouro brilha no lampejo sedoso
De teus ricos olhos com luzes vivas!

O que sentes por mim eu adoro em teus olhos.
Ó beijo entre tuas mãos, fechando meu diadema
Com o rubi de um beijo, beije a testa que o ama!

ODE AU JASMIN
 
Teus olhos são qual o coração de pedras lapidadas,
E os traços formosos de teus olhares vagos
Quebram com fogos vivos a noite em meus pensamentos,
Ó Presença imanente,  Ó Vós por todos os lados,

Ó Vós cerceada por uma costa tão suave
Que um dia sem ti é apenas um dia de ferro,
Que me pesa com peso meu suspiro afasta
E termina em um século de inferno...

Enquanto tudo o que vive ao meu redor me irrita,
E meu próprio trabalho é um sonho indesejável,
Eu fujo como um pássaro para ti,
E minha alma dócil ao teu perfume secreto,

Respiro em espírito o mais terno dos cômodos,
Onde em puro linho, junto às flores, junto ao fogo,
O poder do amor que sonha em teus membros
Do sorriso que amo acolherá meu desejo.

Eu disperso a estrada, e voando para o deleite,
Abrimos sob meus passos os preciosos passos
Que levam ao limiar de teu cálice de seda
Minha sede de achar teus olhos certos.

Minha espera de amor está cansada de fingir;
Quero bebê-los, fechá-los e vê-los suaves azuis,
Reabrir, quando o excesso de alegria da união
Nos permita sorrir de teu tremor que está rugir.
Paul Valéry -  Trad. Eric Ponty
   ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

Nenhum comentário: