À Memória do Poeta e tradutor Onestaldo de Pennafort Pelo conjunto de sua obra.
SONETO A NARCISA
SUJEITO POR TUAS MÃOS, COM A FRESCURA DAS FLORES,
MINHA FRONTE NÃO SONHA MAIS DOUTRAS OUTRAS COROAS,
FEITOS ESTA LUCIDEZ DE AMORES ENVOLVIDOS,
RETUMBA A SOMBRA ETERNA BUSCA FONTE DO CANTO.
RESPIRANDO O TEU SEIO DE PROFUNDO CALOR,
TANTO BANHAR-ME ABUNDA CORAÇÃO ABANDONA,
QUE ANTE TEU DESTINO MEU OLHAR ME ORDENA
A GLÓRIA NÃO ESTÁ MAIS QUE ESTRANHO MURMURRAR.
EU DEIXO ESVANECER MINHAS VONTADES SÁBIAS;
MEU TESOURO ME ILUMINAR FUGOR CLARO DE RAIOS,
DOS TEUS RICOS OLHARES AS LUZES DO VIVENTE!
O QUE TEUS SEIOS POR MIM, EU TE ADORO NO TEUS OLHOS
Ó BRISA ENTRE TUAS MÃOS FORMAR MEU DIAMANTE,
DOS RUBIS DUM BEIJO, BEIJO TUA FRONTE QUE TU ME AMA.
PAUL VALÉRY
Meu Pai
Que me quer, que a mim pai esta saudade me arde,
Fazia o coro cantar, no ar música egrégios,
Já um dó sem valor, há ruir no áureo altar
Mal aclarava o toque em frígida da chave.
Íamos sós os dois – saudade – o pensamento
E os devê-los ao céu, flutuando ao sabor léu.
E eis que ele a me fitar, num enternecimento,
Filho: - qual foi, no versar teu Auro momento?
Com a voz patriarcal de vibrações amenas,
Em furtiva resposta eu disse apenas,
E toquei suas mãos nuvem, devotamente.
II
A primeira emissão... como fui abençoado,
E que encantado tom, que sibila atraente,
Tem o diáfano som dos lábios encantados.
Quem me quer, quem me quer felicidade atroz,
Fazia tarde toar no ar flanado de pena
Já um sol com o raio, a tombar nuvem trono
Mal aclarava a diva em frígido abandono.
Fomos sós os dois, conjunto – o pensamento
E os cavalos ao céu pisando ao sabor do vento
E eis que ela a me olhar num enternecimento,
Falou: - “qual foi terrestre o teu melhor instante.
Com a tez angelical de entonações tão plenas
Por única reposta eu lhe disse apenas
E curvei suas mãos palmas, devotamente.
Os primeiros sinais... Como já são aclamados,
E que encantada luz, que sussurro atraente,
Tem a primeira chama aos lábios bem formados!
III
E que me quer ó rainha em saudade? O Outono,
Fazia reis voar no ar príncipe deste sono,
Já que um sol com raio a tombar do áureo trono,
Mal aclarava a manhã em rígido abandono.
Íamos sós os dois, conspira – o pensamento,
E os cabelos de rei, voando ao sabor do vento
E eis que ele, a me lembrar num enaltecimento,
Disse: - Qual foi, na terra, o teu real instante.
Com a voz professoral de discursos amenos,
E por única mágoa eu lhe sorri apenas,
E beijei fundo a tez branca devotamente.
Os primeiros florões... são tão majestosos,
E que encantado luz que lampejo já atraente
Tem meu primeiro sim lábios bem adornados.
IV
Que me quer o querer esta idade? O outono,
Fazia tarde voar, já lá estado de sono,
Já uma dor sem pavor, a tombar do áureo estado
Mal aclarava a manhã em frigido abandono.
Íamos sós os dois planando – o pensamento,
E os cavalos ao léu, andando ao sabor tempo
E eis que ela a me ignorar num enternecimento,
Disse: - Qual foi terrestre o teu melhor instante.
Com a foz angelical de entonações apenas.
Por única reposta eu lhe disse amenas,
E beijei suas mãos febris, compulsivo de penas.
Privemos por senões... E como são amistados,
E que de furtado tom, que múrmuro atraente
Tem o primeiro sim das faces bem amadas!
V
Que me quer a cidade ufania languidez,
Fazia manhã nascer no ar as nuvens de chumbo,
Já um Sol sem a nota a tombar da áurea pauta,
Mal aclarava o toque em rígido do emprego.
Íamos sós os dois, nadando – o esvaecimento,
E os cabelos ao céu, flutuando ao labor do tempo
E eis que ela a me olvidar num enternecimento,
Disse: - qual foi no poente o melhor do nascimento.
Com a tez angelical entonações de plumas,
Por única reposta eu lhe pedi apenas,
E beijei mãos alvas devotamente.
Os primevos botões... confeitos perfumados,
E que de amaldiçoado tom sussurro atraente,
Tem o primevo sim lábios bem contornados.
ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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