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sexta-feira, junho 27, 2025

LIRICA SANJOANENSE E VARIAÇÕES DO TEMA - ERIC PONTY

 À Memória do Poeta e tradutor Onestaldo de Pennafort Pelo conjunto de sua obra.

SONETO A NARCISA
 
 
SUJEITO POR TUAS MÃOS, COM A FRESCURA DAS FLORES,
MINHA FRONTE NÃO SONHA MAIS DOUTRAS OUTRAS COROAS,
FEITOS ESTA LUCIDEZ DE AMORES ENVOLVIDOS,
RETUMBA A SOMBRA ETERNA BUSCA FONTE DO CANTO.
 
RESPIRANDO O TEU SEIO DE PROFUNDO CALOR,
TANTO BANHAR-ME ABUNDA CORAÇÃO ABANDONA,
QUE ANTE TEU DESTINO MEU OLHAR ME ORDENA
A GLÓRIA NÃO ESTÁ MAIS QUE ESTRANHO MURMURRAR.
 
EU DEIXO ESVANECER MINHAS VONTADES SÁBIAS;
MEU TESOURO ME ILUMINAR FUGOR CLARO DE RAIOS,
DOS TEUS RICOS OLHARES AS LUZES DO VIVENTE!
 
O QUE TEUS SEIOS POR MIM, EU TE ADORO NO TEUS OLHOS
Ó BRISA ENTRE TUAS MÃOS FORMAR MEU DIAMANTE,
DOS RUBIS DUM BEIJO, BEIJO TUA FRONTE QUE TU ME AMA.
 
 

PAUL VALÉRY

Meu Pai

 

Que me quer, que a mim pai esta saudade me arde,

Fazia o coro cantar, no ar música egrégios,

Já um dó sem valor, há ruir no áureo altar

Mal aclarava o toque em frígida da chave.

 

Íamos sós os dois – saudade – o pensamento

E os devê-los ao céu, flutuando ao sabor léu.

E eis que ele a me fitar, num enternecimento,

Filho: - qual foi, no versar teu Auro momento?

 

Com a voz patriarcal de vibrações amenas,

Em furtiva resposta eu disse apenas,

E toquei suas mãos nuvem, devotamente.

 II

A primeira emissão... como fui abençoado,

E que encantado tom, que sibila atraente,

Tem o diáfano som dos lábios encantados.

 

Quem me quer, quem me quer felicidade atroz,
Fazia tarde toar no ar flanado de pena
Já um sol com o raio, a tombar nuvem trono
Mal aclarava a diva em frígido abandono.

Fomos sós os dois, conjunto – o pensamento
E os cavalos ao céu pisando ao sabor do vento
E eis que ela a me olhar num enternecimento,
Falou: - “qual foi terrestre o teu melhor instante.

Com a tez angelical de entonações tão plenas
Por única reposta eu lhe disse apenas
E curvei suas mãos palmas, devotamente.

Os primeiros sinais... Como já são aclamados,
E que encantada luz, que sussurro atraente,
Tem a primeira chama aos lábios bem formados! 

III

E que me quer ó rainha em saudade? O Outono,
Fazia reis voar no ar príncipe deste sono,
Já que um sol com raio a tombar do áureo trono,
Mal aclarava a manhã em rígido abandono.

Íamos sós os dois, conspira – o pensamento,
E os cabelos de rei, voando ao sabor do vento
E eis que ele, a me lembrar num enaltecimento,
Disse: - Qual foi, na terra, o teu real instante.

Com a voz professoral de discursos amenos,
E por única mágoa eu lhe sorri apenas,
E beijei fundo a tez branca devotamente.

Os primeiros florões... são tão majestosos,
E que encantado luz que lampejo já atraente
Tem meu primeiro sim lábios bem adornados.

IV

 Que me quer o querer esta idade? O outono,
Fazia tarde voar, já lá estado de sono,
Já uma dor sem pavor, a tombar do áureo estado
Mal aclarava a manhã em frigido abandono.

Íamos sós os dois planando – o pensamento,
E os cavalos ao léu, andando ao sabor tempo
E eis que ela a me ignorar num enternecimento,
Disse: - Qual foi terrestre o teu melhor instante.

Com a foz angelical de entonações apenas.
Por única reposta eu lhe disse amenas,
E beijei suas mãos febris, compulsivo de penas.

Privemos por senões... E como são amistados,
E que de furtado tom, que múrmuro atraente
Tem o primeiro sim das faces bem amadas!

V

Que me quer a cidade ufania languidez,
Fazia manhã nascer no ar as nuvens de chumbo,
Já um Sol sem a nota a tombar da áurea pauta,
Mal aclarava o toque em rígido do emprego.

Íamos sós os dois, nadando – o esvaecimento,
E os cabelos ao céu, flutuando ao labor do tempo
E eis que ela a me olvidar num enternecimento,
Disse: - qual foi no poente o melhor do nascimento.

Com a tez angelical entonações de plumas,
Por única reposta eu lhe pedi apenas,
E beijei mãos alvas devotamente.

Os primevos botões... confeitos perfumados,
E que de amaldiçoado tom sussurro atraente,
Tem o primevo sim lábios bem contornados.

 ERIC PONTY

 

   

  ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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