Pesquisar este blog

domingo, janeiro 12, 2025

Não devemos pintá-lo arbitrariamente - ERIC PONTY

 Não devemos pintá-lo arbitrariamente

P/ JOÃO BOSCO BARBOSA


Não devemos pintá-lo arbitrariamente,
de quem a manhã nasceu.
Tiramos das velhas tigelas
dos mesmos traços e os mesmos raios
com que o santo o escondeu no vapor
da fumaça da Oeste de Minas.

Construímos imagens como paredes;
dSomos obreiros: escudeiros, alunos, conselheiros,
e construímos você, sua locomotiva central alta.
E às vezes um viajante sério vem até à Oeste de Minas
peregrina como um esplendor por nossos cem peitos,

treme e nos mostra uma nova alça da paisagem

Subimos no andaime oscilante pela passagem.

a bitola pende azarada em nossas mãos,
até que uma hora beija nossas cabeceiras,
que vem de você radiante e como se soubesse
tudo, como o vento do luar.

Depois, há um vagão de todas as caminhadas
e por meio das serras vai solavanco após golpe.
Somente quando enevoa é que deixamos você ir:
E seus arrabaldes póstumos amanhecem.
e modo que já existem mil paredes ao seu redor.
Pois nossas mãos piedosas de fumaça
cobrem sempre que nossos corações o veem aberto
do velho vapor Oeste de Minas.

II

 Adoro as horas nuviosas do meu ser,
nas quais meus magoados se penetram;
neles, quais  cartas antigas, trazidas pela locomotiva
que minha vida diária já vivia e, ao apito da Oeste de Minas.


Deles vem o aviso de que tenho espaço
para uma segunda vida temporalmente
ao apito da Oeste de Minas.

E às vezes sou como a árvore nos trilhos ao apito da Oeste de Minas.
que, madura e farfalhar, sobre uma campa
realiza o sonho que o menino ao apito da Oeste de Minas.
do passado (em torno de quem os apitos quentes se reúnem)
perdeu em tristezas e canções ao apito da Oeste de Minas.

III

E ele era quase um maquinista, e saiu
dessa única beleza do soar o apito,
e ecoou visivelmente por meio de seus véus buganvília,
e fez para si o alarde em meu ouvido.

E dentro de mim refletiu. E tudo era buganvília
As acajus-catinga que sempre admirei, essa
abscissa sensível, o prado junto a serra
e todo assombro que me atentava.

A Oeste de Minas no comando. Cantando paisagens, me apurou
para que ele não desejasse estar na estação
primeiro? Veja, ele apertou o apito e a paisagem surgiu.

IV


Você, vizinho se eu te perturbo às vezes
na longa noite com apitos fortes, é sua paisagem
porque raramente o ouço respirar nos vagões
e sei: está sozinho no corredor da locomotiva
E se você precisar de algo,
não há ninguém lá para dar uma poção dessa passagem:
estou sempre ouvindo. Dê um pequeno sinal.
Estou muito perto de pular entre os vagões

Há apenas uma parede do trem estreita entre nós,
por acaso; pois pode ser um grito de sua boca ou minha,

e irrompe
sem nenhum ruído ou som.

É construído a partir da Oeste de Minas.

V

Somos obreiros: escudeiros, alunos, conselheiros,
e construímos você, sua locomotiva central alta.
E às vezes um viajante sério vem até à Oeste de Minas

peregrina como um esplendor por nossos cem peitos,

treme e nos mostra uma nova alça da paisagem

Subimos no andaime oscilante pela passagem.

a bitola pende azarada em nossas mãos,
até que uma hora beija nossas cabeceiras,
que vem de você radiante e como se soubesse
tudo, como o vento do luar.

Depois, há um vagão de todas as caminhadas
e por meio das serras vai solavanco após golpe.
Somente quando enevoa é que deixamos você ir:
E seus arrabaldes póstumos amanhecem.

VI

 Foi assim que pintaram; adiante de tudo,
alguém que transportou sua aspiração para fora do sol.
Para que, amadurece mais castiça de todas dificuldades,
mas na agonia cada vez mais geral do apito da Oeste de Minas:
durante toda a sua vida foi como um homem ligado locomotiva
que chorava e batia palmas com choro na sua passagem
Assim lembrando os seus passados entes.

Ele é o mais belo véu de suas dores das fuligem,
que se aninha contra seus assentos doloridos,
inclina-se sobre eles quase para sorrir –
apito da Oeste de Minas:
e seu mistério
não é derrotado pela luz das sete velas do Lenheiro.

VII

Havia uma Oeste de Minas. Oh, pura ressonância!
Locomotiva canta! Ó lembrança alta na orelha!
E toda paisagem em silêncio. Mas mesmo no silêncio
houve um novo começo, um apito e uma mudança.

Animais do Lenheiro penetraram na fuligem da serra
e solta do arraial e do ninho do pontilhão;
e então descobriu-se que eles não estavam
tão pacatos em si mesmos por  argúcia
e não por credos, mas por ouvir. Rugir, gritar, apitar

parecia pequena passagem. E onde arduamente havia
uma paisagem para receber isso,
um abrigo das lembranças  mais sombrio com uma entrada, -
lá criastes em tua pura ressonância Oeste de Minas!

ERIC PONTY

POETA ERIC PONTY -TRADUTOR-LIBRETTISTA 
 
Parabéns pela postagem maravilhosa. Obrigada por estar aqui. Abraços Poéticos da Eunice Storch Baumann Administradora

Nenhum comentário: