A FONTE DE SANGUE
Às vezes, vejo uma enorme onda de sangue
Alastrar sobre minha pele em uma cheia brusca
E sinto uma ferida. Mas não há ferida.
Apenas um som longo, baixo e aprazado de morte.
Toda a natural tingida de carmesim viva com meu sangue.
Todas as criaturas vivas o estão corroendo este alento,
Paris inteira se decompôs em um campo de luta.
Um mar rubro e morto, nem uma pedra do piso sem mancha!
Em muitas taças de vinho apressado eu me encorajei
Para acalmar o pavor que minava meu cérebro,
Mas cada taça intensificava a dor.
Busquei o olvido no amor, mas o amor é
Uma cama de pregos avaro por sangue,
Que drenava meu coração a cada prostituta que passava.
IRMÃS DA MISERICÓRDIA
Deboche e morte - par ajustado! -
Seus beijos lascivos não carecem de afirmação;
Esses flancos gastos, ainda virgens, se não puros,
Trabalharam muito, mas nunca deram à luz.
Avesso a famílias, o poeta – pobre
Provedor - caído ao lado de uma lareira sem coração;
Cada cama de bordel se torna uma pira fúnebre
Onde a auto reprovação nunca encontrou um lugar.
Tanto a campa quanto o quarto são ricos em blasfêmia,
Como duas irmãs indulgentes, oferecem aos homens
Azos de pecado enviadas pelo céu.
Quanto tempo, Deboche, até que me enterre?
E quanto tempo, adorável Morte, até que me proponha
Enxertar seu solene cipreste na rosa dela.
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domingo, outubro 27, 2024
As Flores do Mal - Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty
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