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terça-feira, outubro 29, 2024

Ao Leitor Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty

 Ao Leitor

P/Jardel Dias Cavalcanti

A Loucura, do erro, pecado, a avareza
Ocupam nossas mentes e afligem nosso ser,
Nós devoramos nosso aprazível remorso
Quão mendigos se nutrem teu piolho clareza.


Nossas culpas são aferradas, pesar é covarde;
Mandamos um alto preço às nossas confissões,
E regressamos alegres ao caminho do lodo,
Crer choros lavam todos nossos laivos arde.


Sobre a almofada do mal, Demo, trismegistro,
Incessante acalma nossas mentes seduzidas,
E o metal nobre nutre das nossas vontades
É total vaporado por este sábio alquimista.


O Demo segurando as cordas que nos movem!
Em coisas abjetas, desvendamos encantos;
Todos dias descemos um passo Inferno prantos,
Sem horror, através da depressão que fedem.


Quão rodo sem bronze com beijos e mordidas
Torturas ao peito de uma velha prostituta,
Nós roubamos quão calhamos prazer secreto
Apertamos muito dura quão laranja seca.


Junto, abundando, quão um milhão destas larvas,
Legião de Demos farrear nosso cérebro travas,
Quando respiramos, Morte, aquele rio invisível,
Desce nossos pulmões prantos envoltos crível.


Se estupro, o veneno, as adagas, do incêndio
Ainda não bordado cartuns amenos compêndio.
A tela banal de nossas vidas lamentáveis,
É porque almas não têm ousadia aceitáveis.


Mas entre os chacais, panteras, as cadelas,
Macacos, escorpiões, urubus, ofídios, delas
Gritos, uivam, rosnando, rastejam quais monstros,
Na bagunça imunda de nossos vícios adentro,


Há mais feio, mais perverso, que é mais sujo!
Ainda não faças bons gestos nem grão gritos,
Ele faria livre desta terra um caos cujo
Em um bocejo, engula ser do mundo ritos;


Ele é tédio! - Seu olho lacrimejar quais prantos,
Sonhar com as forcas fumar sua guita d’água.
Tu o conheces leitor, purgado monstro mantos.


- Leitor hipócrita, - meu comparte, - meu irmão!



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