Brilhavam os alegres raios de luar que dançavam sobre a onda;
Na fresca porta da janela, aberta à brisa da noite,
A Sultana inclina-se e deleita-se a ver a maré,
Com o Teu brilho prateado, as ilhotas entorpecidas se movem.
Da Tua mão, ao cair, vibra a guitarra leve.
Ela ouve - o som que ecoa baixo e sem brilho.
Será o bater no Arquipélago
De algum longo remo de galé, de Scio para longe?
São os corvos-marinhos, cujas asas negras, uma a uma,
Cortam a onda azul que sobre se quebrou em pérolas líquidas?
É algum duende que paira com um grito assobiante que lança
Que, de uma velha torre, lança para o fundo uma pedra solta?
Quem é que assim perturba a maré perto do seraglio?
Não são corvos-marinhos escuros que flutuam na ondulação,
"Não é um penacho de pedra, nem remos de barco turco,
Que, com o teu ritmo compassado, se arrasta na água.
São sacos pesados, carregados cada um por escravos escuros sem voz;
E se ousásseis sondar as profundezas dessa maré escura,
algo como uma forma humana se agitaria no teu interior.
O que é que se passa?
VICTOR HUGO - TRAD. ERIC PONTY
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