Olvidar? Poderei olvidar o hálito perfumado
Das brisas, suspirando por ti, no meu ouvido;
O estranho despertar de um sonho de morte,
A súbita emoção de te encontrar a chegar?
As nossas cabanas estavam desertas, e longe
Ouvi-te chamar-me durante todo o dia,
Ninguém te tinha visto passar,
Tremendo eu vim. Ai de mim!
Poderei olvidar?
Dantes eu era bela; os meus encantos de donzela
Morreu com a dor que do meu peito caiu.
Ah! viajante cansado! descansa nos meus braços amorosos!
Que não haja pesar nem despedida!
Aqui de tua mãe doce, onde as águas correm,
Aqui da tua pátria sussurramos baixinho;
Aqui, música, louvor e oração
Encheram o ar alegre do verão.
Posso olvidar?
Olvidar? O meu velho e prezado lar tenho de olvidar?
E vaguear e ouvir o meu povo a chorar,
Longe dos bosques onde, quando o sol se põe,
sem medo, mas cansado, para os teus braços eu rastejo;
Longe das flores vivazes e do gemido das palmeiras
Eu não poderia viver. Aqui, deixa-me descansar sozinho!
Vai! Devo seguir-te de perto,
Contigo estou condenado a morrer,
Nunca te olvides.
VICTOR Hugo - TRAD. ERIC PONTY
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