P/ Alípio Correia
Olha-te ao espelho e diz ao teu rosto
que ele se reproduzirá sem demora;
se não renovas a tua frescura em outro
E quando vos perguntarem onde está:
Do esplendor dos vossos anos exuberantes,
Não diz nos teus olhos espectrais,
porque soará a artifício ou impudência.
Desprezas esse mundo e duma mãe.
Tu és a imagem viva da tua mãe
e ela vê em ti a frescura dos teus anos;
Também tu, na velhice, poderás olhar para ti:
e, não gastando as tuas reservas, esbanjas:
tem piedade e não deixes que outros tua gula
quebrar o pão do mundo com a sepultura.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar a cabana, e vinha,
Nem sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Cada porta um frequentado olheiro pus,
Que a vida do vizinho, e da vizinha,
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Pra levar à Alípio a Sê, ao Terreiro Jesus.
Muitos Mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis cá essa cidade desta Minas.
Eric Ponty
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