O REINO
onde habitam pensamentos e sentimentos,
E muito difícil me parece a tarefa
De o governar bem;
Pois a paixão tenta-me e perturba-me,
A vontade desordenada desorienta-me,
E o egoísmo lança a sua sombra,
Em todas as minhas vontades e ações.
Como posso aprender a governar-me a mim própria,
Para ser a criança que devo ser,
Honesta e corajosa, sem nunca me cansar
De tentar ser boa?
Como é que posso manter uma alma solarenga
Para brilhar no caminho da vida?
Como é que eu posso afinar o meu pequeno coração,
Para cantar docemente todo o dia?
Pai querido, ajuda-me com o amor
Que expulsa o meu medo!
Ensina-me a apoiar-me em Ti e a sentir
Que estás muito perto.
Que nenhuma tentação é invisível,
Que nenhuma dor infantil é demasiado pequena,
Já que Tu, com paciência infinita,
Acalmas e confortas tudo.
Eu não peço nenhuma coroa
A não ser aquela que todos podem ganhar;
Nem tento conquistar nenhum mundo
Exceto o que está dentro de mim.
Sê Tu o meu Guia até que eu depare,
Conduzido por uma mão terna,
O Teu feliz reino em mim
E ousar assumir o comando.
A LUA-MÃE
A lua sobre o mar largo
Placidamente olha para baixo,
Sorrindo com a sua face suave,
Apesar de o oceano se debruçar.
As nuvens podem ofuscar o seu brilho.
Mas logo passam,
E ela brilha, inalterada,
Sobre as pequenas ondas que jogam.
Assim, no meio da tempestade ou do sol,
Onde quer que ela vá,
Guiada pelo seu poder oculto
O mar selvagem deve arar.
Enquanto a lua tranquila da noite
Olha para o mar inquieto,
Assim o rosto gentil de uma mãe,
Pequena criança, está a observar-te.
Então, afasta todas as tempestades,
Afasta todas as tuas nuvens,
Que com suavidade e brilho
O teu coração tranquilo possa tocar.
Que os olhares e ações alegres
Como ondas brilhantes,
Seguindo a voz da mãe,
Cantando enquanto vão
Minha Prece
Coragem e paciência, é o que peço,
Senhor, neste meu último aperto;
Pois difícil me parece a tarefa de dez anos,
Aprendendo a sofrer e a esperar.
A vida parece uma coisa tão rica e grandiosa,
Tão cheia de aflição para o peito e para cabeça,
É uma cruz que eu posso trazer
Sem ajuda, sem oferta, mas com dor.
A colheita suada destes anos
desejo partilhar com generosidade;
As lições aprendidas com fúcsias amargas
Para ensinar de novo com ternura;
Para aplainar a passagem áspera e espinhosa
Onde outros pés começam a pisar;
Para alimentar uma alma faminta todos os dias
Com o pão que sustenta a simpatia.
Tão belos são esses prazeres,
Anseio pôr os tornar meus;
Para amar e trabalhar e conhecer
A alegria que essa vida torna divina.
Mas se não posso, só peço
Coragem e paciência para o meu destino,
E aprender, querido Senhor, a tua última tarefa -
Sofrer com paciência e esperar.
LOUISA MAY ALCOTT - TRAD. ERIC PONTY
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