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sábado, março 11, 2023

CAPITAL DA DOR - PAUL ÉLUARD - TRAD. ERIC PONTY

(pseudônimo de Eugène Emile Paul Grindel; Saint-Denis, 14 de dezembro de 1895 - Charenton-le-Pont, 18 de novembro de 1952) foi um poeta francês, autor de poemas contra o nazismo que circularam clandestinamente durante a Segunda Guerra Mundial.

Participou no movimento dadaísta, foi um dos pilares do surrealismo, abrindo caminho para uma ação artística mais engajada, até filiar-se ao partido comunista francês. Tornou-se mundialmente conhecido como O Poeta da Liberdade.

É o mais lírico e considerado o mais bem-dotado dos poetas surrealistas franceses.

Aos 16 anos, após uma infância feliz, Paul Éluard contraiu tuberculose, o que o obrigou a interromper seus estudos. Na Suíça, no Sanatório de Davos, o jovem conhece o poeta Manuel Bandeira, que lá também estava a tratar sua tuberculose. Éluard também trava contato com uma jovem russa, Helena Diakonova, que ele chama de Gala. Casa-se com ela em 21 de fevereiro de 1917. Sua impetuosidade, seu espírito decidido, sua cultura impressionam o jovem Éluard, que encontra nela seu primeiro impulso de poesia amorosa. Juntos, eles leem poemas de Gerard de Neval, Baudelaire e Apollinaire. Em 11 de maio de 1918, nasce sua filha Cecile.

Em 1918, quando a vitória é proclamada, Paul Éluard alia a plenitude de seu amor a um profundo questionamento do mundo: é o movimento Dada que vai disparar este processo, através do absurdo, da loucura, do nonsense.

Amigo íntimo de André Breton, Éluard participa de todas as manifestações dadaístas. Mas ele é o único do grupo a afirmar que a linguagem pode ter um propósito por ela mesma, enquanto os outros a consideram apenas como um “meio de destruição”.

O surrealismo, na sequência, lhe dará os subsídios para sua criação. Muito bem aceito pelos críticos tradicionais da época, atualmente, sua vida confunde-se com o movimento surrealista.

Em abril de 1948, Paul Éluard e Picasso são convidados a participar do Congresso para a Paz em Wroclaw, Polônia. Em junho, Éluard publica os “Poemas Políticos”. No ano seguinte, participa dos trabalhos do Congresso em Paris como Conselheiro mundial da Paz. No mês de junho, passa alguns dias com os gregos entrincheirados no Monte Grammos.

Depois vai para Budapeste, assistir às festas comemorativas do centenário da morte do poeta Sandor Petõfi, onde encontra Pablo Neruda. Em setembro, participa de mais um Congresso da Paz, no México. Conhece Dominique Lemor e se casa com ela em 1951.

Neste mesmo ano, publica “O Phoenix”, obra inteiramente dedicada à alegria reencontrada.

Em novembro de 1952, Paul Éluard morre do coração, em sua casa. Neste dia, segunfo Robert Sabatier, “o mundo inteiro estava de luto”.


Paul Éluard  Obra I da Gallimard  de 1971

Os pequenos justos

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Na casa do riso
Um pássaro riu em suas asas.
O mundo é tão leve
Ele não está mais em seu lugar
E, se alegre
Ele não tem nada.
 
II

Por que eu sou tão bonito?
Porque o meu mestre me lava.
 
III

Eu mudar com seus olhos como com luas
E eu virar e conduzir e pena
A água preta misteriosa que o rodeia
Ou no seu cabelo a sua ligeira vitória.

VI
O mostro da fuga aspira mesmo as plumas,
Deste pássaro chamuscado pelo fogo dum fúsil
Se lástima vibrar todo longo de um muro de lágrimas
E cinzel dos olhos cortam a melodia
Que desabrocha já no coração do caçador.

VII

A natureza que está se prende as redes da vida
A árvore, tua sombra mostram sua carne: o céu.
Ela a voz da areia e os gestos do vento
E toda esta que te diz no bojo atrás ti.

VIII

Ela se recusa sempre em compreender, a ouvir
Ela ri por esconder seu terror dela mesma.
Ela sempre marcha sob arcas das noites
E por todo onde ela passa
Ela a deixa
A impressão das coisas partidas.

IX

Sobre o céu danificado sobre estas vidraças d´água doce
Qual face mourisca sonora
Anuncia que à noite de amor toca ao dia
Boca aberta atada a boca fechada.

X

Sensação ela está mais forma preferida,
Este que retira preocupação de ser um homem
E eu vou e eu perco e eu suporto
Minha dor como pequeno sol na água da fonte. 

Não compartilhar

Na noite de loucura, nua e clara,
O espaço entre as coisas na forma de minhas palavras,
A forma de palavras de um estranho,
A partir de um vagabundo que desata o cinto de sua garganta
E leva ecos da restia.

Entre árvores e cercas,
Entre paredes e mandíbulas,
Entre este grande tremor pássaro
E a colina que o oprime,
O espaço tem a forma de meus olhos.

Meus olhos são inúteis,
O reinado do pó estiver concluído,
O cabelo do caminho tem o seu manto rígido
Ela não fugiu, eu não irá se mover,
Todas as pontes são cortadas, a céu não vai mais
posso ver bem mais lá.
O mundo está separado do meu mundo
E, por cima das batalhas,
Quando a temporada de sangue desaparece no meu cérebro,
Posso ver o dia este homem clareza
Que é meu,
Faço uma distinção entre a vertigem da liberdade,
A morte de intoxicação,
Sonho sono
Oh reflexões sobre mim mesmo! oh minhas reflexões sangrentas!

PAUL ÉLUARD - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY - POETA-TRADUTOR-LIBRETISTA

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