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domingo, dezembro 18, 2022

NA PERSONA DE GREGÓRIO DE MATTOS E GUERRA - ERIC PONTY

 P/ Carla ZL

Descreve o que era na realidade a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa.

A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar a cabana, e vinha,
Nem sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Cada porta um frequentado olheiro pus,
Que a vida do vizinho, e da vizinha,
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Pra levar à Praça Sê, ao Terreiro Jesus.

Muitos Mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés dos homens nobres,
Postam nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis cá essa cidade da Bahia.

À cidade e alguns pícaros, que viveram nela.

Quem cá quiser viver, seja um Gatão,
Infeste toda a terra, invada os mares,
Seja um Chegai, ou um Gaspar Soares,
Por si o Tribunal da Relação.

Sobejar-lhe-á na mesa Vinho, e pão,
Sigam exemplos dou prá sua excelência,
Vida passará sem ter pesar ciência,
Assim como os não tem Pedro de Unhão,

Quem cá se quer meter a ser sisudo
Nunca lhe falta um Gil, que o persiga,
É mais aperreado que um cornudo.

Furte, coma, beba, e tenha amiga,
Porque o nome d`El-Rei dá para tudo
A todos, que El-Rei trazem na barriga.

ERIC PONTY
POETA-TRADUTOR-LIBRETISTA ERIC PONTY

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