P/ Carla ZL
Descreve o que era na realidade a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa.
A cada canto um grande conselheiroQue nos quer governar a cabana, e vinha,
Nem sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Cada porta um frequentado olheiro pus,
Que a vida do vizinho, e da vizinha,
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Pra levar à Praça Sê, ao Terreiro Jesus.
Muitos Mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés dos homens nobres,
Postam nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis cá essa cidade da Bahia.
À cidade e alguns pícaros, que viveram nela.
Infeste toda a terra, invada os mares,
Seja um Chegai, ou um Gaspar Soares,
Por si o Tribunal da Relação.
Sobejar-lhe-á na mesa Vinho, e pão,
Sigam exemplos dou prá sua excelência,
Vida passará sem ter pesar ciência,
Assim como os não tem Pedro de Unhão,
Quem cá se quer meter a ser sisudo
Nunca lhe falta um Gil, que o persiga,
É mais aperreado que um cornudo.
Furte, coma, beba, e tenha amiga,
Porque o nome d`El-Rei dá para tudo
A todos, que El-Rei trazem na barriga.
ERIC PONTY
POETA-TRADUTOR-LIBRETISTA ERIC PONTY
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