Pesquisar este blog

quinta-feira, setembro 01, 2022

UM CASO DE MÊTRICA - IVO BARROSO E ERIC PONTY

In memorian Ivo Barroso

Você sabe o que é moinheira ou gaita galega? Não, pois o autor destes versos sabe e muito bem, já que põe o icto obrigatório na quarta sílaba, com a certeza de quem percorreu todas as possibilidades do decassílabo. Bom, isto você sabe o que é, não? pois saiba que o Eric em seus poemas praticou tanto o sáfico (com ictos na 4ª. e 8ª. sílabas), quanto o heroico (apenas na sexta) e o pentâmetro iâmbico (nas sílabas pares). Pois ele é um jogral do verso, conhece e executa todas as piruetas, firulas e dislexias da métrica, e sua poesia (seu oceano poético por assim dizer) é um mar (isto mesmo!) de exercícios, buscas, tentativas, escorregões, equilibrismos na arte de fazer versos. No que respeita à estrofe, esse aglomerado de versos em que se divide o poema, ele vai do dístico ou parelha, ao terceto ou terza rima, do quarteto ou quadra ao quinteto ou quintilha, do sexteto ou sextilha à sétima, oitava, nona ou décima, sem falar na liberdade de criação que lhe propicia o verso moderno. No clássico, navega tanto na terza rima dantesca, quanto na oitava camoniana ou na nona spenseriana, em que os oito primeiros versos são de dez sílabas e o nono vem com doze. Além de sua intimidade com o decassílabo e suas inúmeras possibilidades, ele não se intimida com o dodecassílabo (verso de doze sílabas) e pratica tanto a sua especificidade, que é o alexandrino (verso de doze sílabas com cesura na sexta), quanto se exercita com facilidade pelo hendecassílabo, ou alexandrino espanhol ,que é constituído por dois versos de seis sílabas sem cesura.

Aqui está a sextilha denominada Áurea Dali, versada por Eric Ponty, que nos deu para exemplificar o processo de escandir um poema de versos fixos:  

A/go/ra/ sai/o ao/ jar/dim
Por/ vós/, mi/nha Áu/rea/ Da/li
Que/ já/ faz/ tan/to/ ver/so
E en/fa/da/ tan/to em/ mim!
Que/ vós/ quer/ des/te/ ca/na/lha
Tro/pel/ de/ ver/sos/ ru/ins
Tan/to/ Poe/ta/ pas/as/gei/ro
Tan/to/ tro/va/dor/ ru/ir?
Vi/lão./ Pu/ra/vi/la/nia/,
A/pe/deu/ta/ mês/qui/nho
Da/ mé/tri/ca/ tra/tados
Fiz/ an/tes/ me/ter/ Poe/ta
Tan/to/ fa/lo/ Gre/gório
Nes/as/ sex/ti/lha in/feliz
De/ Ma/tos/ só/ dá/ e/co
Nar/ci/so o/lha/ n´á/gua
Tro/pel/ de/ ver/sos/ ru/ins
Tan/to/ Poe/ta/ pas/as/gei/ro
Tan/to/ tro/va/dor/ ru/ir?
A/go/ra/ sai/o ao/ jar/dim
Por/ vós,/ mi/nha Áu/rea/ Da/li
Pois/ vós/éz/ per/gun/tas/tes
A/ es/se/ poe/ta/ pas/as/gei/ro
Eu/ a/pe/nas/ lhe/ res/pon/di
In/da/ga/ção/ ma/trei/ra
Se/ lhe/ ma/goei/ des/culpa
Fa/ço/ sex/ti/lha in/fe/liz.
POETA,CRÍTICO,TRADUTOR IVO BARROSO LADEADO ERIC PONTY

Nenhum comentário: