Pesquisar este blog

domingo, agosto 14, 2022

NOSSA SENHORA DA BOA MORTE - ERIC PONTY

Em um ensaio no The Spectator (setembro de 1712), recolhido neste volume, Joseph Addison observou que a alma humana, quando sonha, soltada do corpo, é ao mesmo tempo do teatro, dos atores e do público. Podemos acrescentar que é também o autor da fábula que está comparecendo. Existem lugares análogos de Petrônio e Dom Luis de Góngora. Uma leitura literal da metáfora de Addison poderia nos levar à tese perigosa atraente de que os sonhos constituem a mais antiga e não menos complexa dos gêneros literários. Esta curiosa tese, que não temos dificuldade em aprovar para a boa execução deste prólogo e para a leitura do texto, poderia justificar a composição duma história geral dos sonhos e de sua influência sobre as cartas. Este volume para a diversão do leitor curioso, ofereceria algum material como este:

Nestes portões Ocidental duma cidade, brincavam e riam virgens crianças tão ondulados e leves quais leves nuvens no inverno. Nem chego lhes observar porquê jazida uma Nossa Senhora Dorme, e, lhes noto seus encantos, pois jazida em seu manto sendo que seu vestido é branco e com seu véu denso, muito mais a galharda do que minha pobre adorada...



Pouco importo o perfume que têm, pois, em seu vestido e com seu manto espesso com joias cultas, o perfume de minha amada me é embriagada restando a recitar um poema trazido de muito longe:

Eu sou tão, feito dum jardim intenso,
Donde surge duma ramagem de breu,
Que debaixo de botões rosa um azul,
Sê ornar feito à primavera ilusória,
Eu sou tão, feito dum jardim intenso!


ERIC PONTY

POETA,TRADUTOR,LIBRETISTA ERIC PONTY

Nenhum comentário: