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sexta-feira, abril 08, 2022

A mais querida ideia - Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

 A mais querida ideia

Ó Cabelo forte e afiado e tão doce,
Ó dentes claros como das joias,
olhos verdes reais têm duas joias,
interrogar-me essa minha existência.
Ó grão corpo meu soberano bem,
que tu gostarias de ser toda minha,
Quem, não apreender nada, não é nada,
Que eu amei ou foi uma vã circunstância.

Ó minha estátua que uma doce voz,
Ó Deusa a quem tomo os seus dedos,
Desse beijo, que tenho de fazer,
segundo coração de minha linguagem.
A si pra a para si ao nosso Amor,
Sempre mais terna chaga do dia,
Eu canto uma ode todos que para
Ao meu fervor saiba que de penhor.

Lábios, minha vida e vosso cabelo,
Vós, de voz suave e vós, dos meus votos,
Da forma e substância que eu querer,
Mimar, cantar e, morder e pintar.
Digamos juntos para os vivos espíritos,
que desta pessoa que sem nenhum preço,
a alma tomada e dum corpo tomado,
bulhento deles mesmos dessas tréguas.

                                                       Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

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