Pesquisar este blog

segunda-feira, agosto 24, 2020

Livro sobre Tudo - Eric Ponty - 2 Primeiros poemas

Ao Mestre Ferreira Gullar pela contribuição à cultura brasileira, e pelo apoio intelectual.


Subtexto


Queremos mais do que a mera fotografia da natureza. Foi o que escreveu Edvard Munch no manifesto de Christiania. Através deste manifesto Edvard Munch compreende todas as camadas da consciência humana.
Creio que há um hiato na pintura moderna pós-Mark Rotho que terminou pintando quadros completamente negros, como uma aproximação do ícone sagrado.
A presente coleção de poemas tentou perspectivar de uma certa maneira está visão totalitária da representação das mimeses.
O que eu tentei fazer aqui foi usar esta visão destes dois pintores capitais para as artes plásticas numa construção que ao mesmo tempo que se constrói se exaure.
                                                                                                                                           Eric Ponty


1
Certa vez pensei na minha sina
no grito que eu criara
no instante que decompus.

As aves eram como espaçonaves,
tinham um brilho estéril, seco,
como o mais vil metal.

Logo de manhã, podia ouvir-se
não eram barulhos de aves,
não eram barulhos de nada...

Tudo negro e escuro era
minha criação...


2
No princípio me parecia ser
alguma coisa de anormal
plana e acabada.

Como a fonte que exaure
na límpida excrescência de um rio
veloz como uma cadeira do balanço.

O assobio cotidiano de um fantasma,
Que entre acordado, desfaleceu...

Parecia ser o que desaparecia
lúcida fronte, nítido descaminho
perplexidade.

ERIC PONTY

Nenhum comentário: