Subtexto
Queremos mais do que a mera fotografia da natureza. Foi o que escreveu Edvard Munch no manifesto de Christiania. Através deste manifesto Edvard Munch compreende todas as camadas da consciência humana.
Creio que há um hiato na pintura moderna pós-Mark Rotho que terminou pintando quadros completamente negros, como uma aproximação do ícone sagrado.
A presente coleção de poemas tentou perspectivar de uma certa maneira está visão totalitária da representação das mimeses.
O que eu tentei fazer aqui foi usar esta visão destes dois pintores capitais para as artes plásticas numa construção que ao mesmo tempo que se constrói se exaure.
Eric Ponty
1
Certa vez pensei na minha sina
no grito que eu criara
no instante que decompus.
As aves eram como espaçonaves,
tinham um brilho estéril, seco,
como o mais vil metal.
Logo de manhã, podia ouvir-se
não eram barulhos de aves,
não eram barulhos de nada...
Tudo negro e escuro era
minha criação...
2
No princípio me parecia ser
alguma coisa de anormal
plana e acabada.
Como a fonte que exaure
na límpida excrescência de um rio
veloz como uma cadeira do balanço.
O assobio cotidiano de um fantasma,
Que entre acordado, desfaleceu...
Parecia ser o que desaparecia
lúcida fronte, nítido descaminho
perplexidade.
ERIC PONTY
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