I
Poente sem nuvens vãs
ramagens sôfregas,
Tangida sépia às
margens, pradariasQue avarento céu ao cândido silêncio
Fez ladrar qual éson tão faminto.
Ao vagar terrestres,
olvidam formas,
São voz ao plenilúnio, nas
folhagens,Solapam cepas, cissos vestes chão
Ébrios sentidos, pálidas efígies.
As caravelas, quadros,
astrolábios,
Fundaram cinzas, dão
humana espécie,Diluem-se paraísos, de azuis pássaros...
Alvos crânios, fêmures,
cotovelos,
Ajuntam-se de oblíquas,
alvas relva Solene a tampa, lavra, estragos, pátinas.
II
Avara fonte carpir
vítrea da foz,
Plumacho tomba solar,
plenilúnio Sobre herói, eco luz, solfeja tumbas,
Zelo puro, do rio, pradarias.
Mussita ágrafa, faz-se
destituída
Fonte, lagos, languidas
curvas águas,Assopra alcunhas ocos, ave harpia,
Migram sólida, fátuas, invisíveis.
Cópias jamais sentiram-se
à vertigem
Não lhes importa qual
nau são assoprada,Avocar névoa, pó, tensa fuligem.
No firmamento afagam
solitárias
Ideias faltas, murmúrios,
passagens,Fazem concepções aradas à luz.
III
Ah irmãos nossos de mil
e oitocentos
Veem cativos, perpétuos,
Bilac,Que farão dos versos raros dos dele,
Pobre o néscio, içado na harmonia.
E que quer? Céu ladear?
Harmonia?
Ondas, silêncio, ouvir
sons, sereias,Dá bronze do sino árido, som pétreo,
Do mármore abrigo, refúgio mar.
Ora (direis) ouvir
estrelas! Certo
Tangem estrelas! Astros
dissipamSão gritos alquebrados do universo.
Casa longínqua, irmãos
assustados,
Luzes rompidas, paz da
aurora, lâmpadas,Conduza além estrelas, poente, pássaros.
IV
Os Cavalos fulgidos do
universo,
Içam a manhã, lábios
tão opacos,Dos murmurantes paralelepípedos
Ecoam calçadas, foz dura das minas.
Não murmura ele, regras
desse acaso.
Não mussitam a Deus, dessas
exíguasHistórias, fátua acasos notar ágrafos,
Sôfregas, soçobradas das noctâmbulas.
Imersos nas horas,
pensam, ocasos,
Dão prados rubros, flui
grito, sufrágio,Assopradas portas, o instante gázeo.
Sucumbidos perfazem às
estrelas,
Batizam uma a uma estas
garças límpidasMargem vítrea da efígie, ressoa à sépia.
ERIC PONTY
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