SOGRA.- Nana, menino,
nana,
Do cavalo grande Que não quis à agua.
Água era negra
Dentro dos ramos.
Quando chega ao poente
Se detém e canta.Quem dirá, meu menino,
O que tem d´agua
Com sua larga cola
Por sua verde sala?
MULHER.- (Baixo)
DORME, cavalinho,Que o cavalo não quis beber.
SOGRA.- Adormece,
rosal,
Que o cabalo se põe a
chorar.Às patas feridas,
Às crinas veladas,
Dentro dos olhos
Um punhal de prata.
Balsavam ao rio.
Ai, como baixavam!
O sangue corria
Mais forte que água.
MULHER.- (Baixo)
DORME, cavalinho,Que o cavalo não quis beber.
SOGRA.- Dorme, rosal,
Que o cavalo se põe a
chorar.
MUJER.- Não quis tocar
Na orelha molhada,
Seu belfo quente
Com moscas de prata.
Aos montes duros
Só relinchava
Com o rio morto.
Sobre
a garganta.
Ao cavalo grande
Que não quis d´agua!
Ai dor de neve,
Cavalo d´alba!
Garcia Lorca, Federico
TRAD. ERIC PONTY
Nenhum comentário:
Postar um comentário