Sendo dia que Sol se empalideceram,
Raios, que vosso autor compadecido,Quando, dizer-me eu já desprevenido,
Vossos olhos, senhora, me renderam.
Ser tal tempo, dos meus não entenderam
Defender-se do Amor: jaz protegidoMe julgava; minha pena e meu chorado
No Princípio tão comum dores tiveram.
Amor me falou do todo desarmado,
E aberto o coração deparou o passo,São meus olhos, tão pranto porta e barco:
Porém, meu parecer, não ficou honrado
Ferindo-me qual flecha daquele caso,E a vós, armada, não mostrar vosso arco.
IV
Que vossa arte infinita e Providência
Demostrou-se admirável Magistério,Que, com este, creio em outro Hemisfério,
E a Jovi, mais que Marte, deu clemência,
Veio ao mundo
alumbrando vossa ciência,
À verdade ser livro era mistério,Mudou se Pedro e João o ministério,
E, por a rede, lhes deu céu de herança.
Ao nascer, neste julgo de Roma dar-lhe,
Se à Judeia: por, mais que todo Estado,Exaltar-se humildade e complacência;
E hoje, duma aldeia rica, um Sol há dado,
Que a Natura ao sitio faz-se ti alegrar-seOnde mulher tão soberba hei visto o dia.
Francesco
Petrarca
TRAD, ERIC PONTY
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