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terça-feira, junho 19, 2018

CANCONEIRO - 3 - 4 SONETOS - Francesco Petrarca TRAD, ERIC PONTY

III

Sendo dia que Sol se empalideceram,
Raios, que vosso autor compadecido,
Quando, dizer-me eu já desprevenido,
Vossos olhos, senhora, me renderam.

Ser tal tempo, dos meus não entenderam
Defender-se do Amor: jaz protegido
Me julgava; minha pena e meu chorado
No Princípio tão comum dores tiveram.

Amor me falou do todo desarmado,
E aberto o coração deparou o passo,
São meus olhos, tão pranto porta e barco:


Porém, meu parecer, não ficou honrado
Ferindo-me qual flecha daquele caso,
E a vós, armada, não mostrar vosso arco.



IV

Que vossa arte infinita e Providência
Demostrou-se admirável Magistério,
Que, com este, creio em outro Hemisfério,                                          
E a Jovi, mais que Marte, deu clemência,

Veio ao mundo alumbrando vossa ciência,                                                                                              
À verdade ser livro era mistério,
Mudou se Pedro e João o ministério,
E, por a rede, lhes deu céu de herança.

Ao nascer, neste julgo de Roma dar-lhe,
Se à Judeia: por, mais que todo Estado,
Exaltar-se humildade e complacência;

E hoje, duma aldeia rica, um Sol há dado,
Que a Natura ao sitio faz-se ti alegrar-se
Onde mulher tão soberba hei visto o dia.




Francesco Petrarca
TRAD, ERIC PONTY

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