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quinta-feira, maio 31, 2018

ODE A UMA URNA GREGA - J. KEATS - TRAD. ERIC PONTY

I

Esposa da calma, todavia inviolada,
Filha adotiva de teu tempo e do silêncio,
Narradora do bosque que podes relatar
Histórias floreadas com minhas doces rimas,
Que lenda com folhas se congrega,
Em torno de sua figura: deuses, mortais ou ambos,
Nas eras da época da Arcádia? Que homens
Que são tipos de deuses? Por qual donzela esquiva?
Que enlouquecido acaso? Que luta por fazer-se?
Que flautas ou pandeiros? Que êxtase delirante?

II

São as doces cadências que nós ouvimos, mais doces,
Das quais nunca escutamos, seguindo, pois,
Suaves sacerdotes, existem algum atrativo,
Não há olvido, ao espírito, canções inaudíveis.
Jovem como pode então morrer o seu canto,
Debaixo destas árvores que nunca estão nuas.
Audacioso amante nunca pode beijar por mui
Que à meta que acerques, contudo não te ocupes,
Não logreis o destino, tua amada não tão vistoso,
Sendo amarás para sempre, formosa por todo sempre.

III

Ô. Venturosos galhos que não podeis perder,
Nem as folhagens dizer adeus a Primavera!
Ah, feliz harmonizou-a infatigável,
Então com tuas flautas sempre se renovam,
Nenhum Amor mais feliz, destinatário,
Eternal cálido e recém desfrutado,
Para sempre unido no vigor juvenil!
Todos hão mui tem respirado à paixão,
Deixando o coração fatigado e abatido,
Ardoroso à frente, ressecando à língua.

IV

Quem são esses que se entregam ao sacrifício?
Há que altar luzidio, sacerdote enigmático,
Levando esta manada que muge até aos seus céus,
Com lombos cobertos de grinaldas.
Que povo entregue à pacifica cidadela içada,
Num monte ao lado dum rio ou do mar,
Se faziam das gentes nessa pia manhã.

E tuas ruas pequena cidade, já para sempre,
Estarão silenciosas pois então não irá retornar à alma,
Para enfim dizer-lhe porque está desconsolada.

V

Ô ática figura! Nobre atitude de homens,
E donzelas de mármore como adorno esculpido
Com galhos da bossagem e chegarem a terra amassada,
Tua forma tão silenciosa que a razão urge
Como tal eternidade. Pastora impassível,
Quando a idade de nossa geração consumir
Sobreviverás entre às angústias dos outros,
Amiga dos homens, há quem dizer:
“ A Beleza da verdade e a verdade da beleza
- Nos faz falta saber mais que isto na terra. 


J. KEATS
TRAD. ERIC PONTY

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